A resposta de Maria: reflexão para o 1º Domingo de Advento a partir de Lucas 1:26-38
O anjo
Gabriel foi levar uma notícia muito estranha a uma jovem do povo
judeu, uma que poderia passar despercebida, não fosse o que estava
por acontecer. Ela poderia ter sido uma entre tantas a receber o nome
da irmã de Moisés. Mas não foi assim.
De
início, ele a saúda chamando-a de agraciada. Ela não entende o
motivo. Então, encontramos sua primeira resposta: o silêncio
acompanhado de reflexão.
Em
seguida, o anjo anuncia a mensagem, dizendo que ela conceberia e
daria à luz um filho muito especial, que já nasceria com promessas
impressionantes. Maria não duvida das promessas todas, mas se
incomoda com um detalhe, a aparente impossibilidade de uma virgem,
como ela, conceber. Aqui, sua segunda resposta: uma pergunta
específica.
Maria
pergunta como aconteceria aquilo se ela nunca tinha feito sexo. O
anjo explica o sobrenatural e apresenta como evidência da
possibilidade do impossível o caso da própria parenta de Maria,
Isabel, que há pouco concebera mesmo sendo idosa e estéril.
Finaliza sua fala observando que nada é impossível para Deus.
Agora, nos deparamos com a terceira resposta de Maria: a afirmação
de sua submissão diante da mensagem anunciada.
“Aqui
está a serva do Senhor. Que se faça segundo a tua palavra”. Ela é
decidida. E esta sua decisão parece repercutir em todo seu
comportamento subsequente ao longo da narrativa do Evangelho.
Silêncio,
pergunta pertinente e submissão decidida. Essa resposta em três etapas
talvez seja uma boa receita para nós também, quando nos deparamos
com pontos do pensamento cristão que nos parecem paradoxais ou mesmo
problemáticos. Silenciar significa esperar para compreender melhor,
em vez de logo negar, reclamar ou debochar. Perguntar uma pergunta
certeira significa não perder-se em discussões sobre o que não é
o ponto que realmente provoca a dúvida. Submeter-se significa
reconhecer que a mensagem do Eterno não depende, no extremo, de
nossa total compreensão. Ela requer, isso sim, nossa submissão.
Maria foi
sábia assim diante da melhor notícia do mundo. Nós também
recebemos tão maravilhosa notícia nestes dias, quando começamos a
nos preparar para lembrarmo-nos do nascimento de Jesus, o Cristo, no
tempo histórico, a refletirmos sobre o fato de que ele nasce nos
corações de muitas pessoas quando sua mensagem é anunciada, e
a aguardarmos pela sua segunda vinda. Nisto consiste a tríplice tarefa
que temos neste período de Advento.
Há coisas que não entendemos
sobre os temas próprios deste tempo. Vamos tagarelar de imediato?
Vamos perder-nos em perguntas erráticas? Vamos desprezar a
autoridade da Palavra do Senhor?
Eu, velho
homem que também sou, tendo a tudo isso. Mas quero fazer como Maria:
calar-me, perguntar o que preciso mesmo perguntar, e submeter-me à revelação do Criador. Nisso, há sabedoria. Isso é bom fazer.
Fragmento de oração
Senhor, ajuda-me a saber reagir diante daquilo que não compreendo plenamente. Ajuda-me a ter paciência para não dizer coisas sem sentido, sabedoria para fazer as perguntas certas, e submissão para aceitar a resposta que vem de ti. E obrigado por Cristo, que com seu incompreensível amor me fez acolhido por ti, para a vida eterna.
Um
abraço,
Cesar
P.S. Neste mês, não apresentarei o "Devocional do Mês", mas, se possível, quatro reflexões como esta, uma para cada Domingo de Advento. Espero que lhes sirva para edificação, ainda que não compartilhem do mesmo calendário litúrgico.