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terça-feira, 29 de maio de 2012

Neutralidade diante da injustiça



"Se você é neutro em situações de injustiça,
você escolhe o lado do opressor."
Desmond Tutu
Arcebispo Anglicano - África do Sul


"E que opressão há? Será mesmo opressão?" - Dirá o teórico em prol da manutenção do comodismo, que traveste seu discurso como contrário ao comunismo, esse nódulo histórico que nos impede de odiarmos a avareza e a injustiça social sem sermos rotulados com alguma ideologia. E enquanto discutimos, o teórico e eu, os injustiçados pela maldade se multiplicam, a fome ceifa milhares, a prostituição infantil alicia enormes tropas de esqueléticas e empoeiradas vidinhas de infância perdida nas beiras das estradas, a autoridade abusa do pobre, o dinheiro da saúde vira dígitos em contas particulares em paraísos fiscais que produzem verdadeiros infernos fecais em postos de saúde públicos.
"E que opressão há? Será mesmo opressão?"
Se fosse com você, teórico, você não perderia tempo perguntando. Mas é com o outro, e, em seu joguinho tolo de palavras, você esqueceu que amar é mais importante.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Belo Horizonte pode ser uma cidade turisticamente atraente?

                                                                                               Praça da Liberdade - Foto Wikipedia


Eu não sou turismólogo nem nada do tipo. Mas como todo mundo que gosta de viajar, um dia, acabo pensando na seguinte pergunta: “Se eu não tivesse nascido na minha cidade, será que eu ia querer vir fazer turismo aqui?” Daí, resolvi escrivinhar este texto.

Vamos lá. A primeira dificuldade que se encontra é o fato de que, geralmente, nós, mineiros, estamos acostumados com a ideia de turismo de sol e mar. Por isso, é difícil pensarmos em viajar para cidades do interior do país. Eu mesmo, cheguei a duvidar que viria para cá um dia (se não morasse aqui desde sempre), quando constatei que me falta ânimo para desbravar outras capitais desprovidas de mar. Depois, contudo, percebi que eu acabaria passando por aqui sim, como muitos que realmente passam, de caminho para cidades históricas.

Não é que Belo Horizonte não tenha o que se ver. E até que há coisas interessantes, como o recém gestado Circuito Cultural da Praça da Liberdade, o Museu de Artes e Ofícios, o Conjunto Arquitetônico da Lagoa da Pampulha (A Casa do Baile – onde ninguém mais dança -, A Igreja de São Francisco de Assis – tem missa lá? -, o Museu de Arte da Pampulha, anteriormente cassino – que vale a visita pela arquitetura, não pela arte, já que a coleção nada tem de importante- e o Iate Tênis Clube – que tem tênis mas não Iates! - tudo projetado pelo bom e velho (!) Niemeyer), entre outras coisinhas. Contudo, acontece que tudo isso pode justificar uma ou duas diárias por aqui de alguém que esteja de passagem, mas não chega a ser motivo uma viagem demorada e, por vezes, trabalhosa de ônibus ou avião.

A capital mineira está, a meu ver, fadada a ser um pouco parasita em questão de turismo. Acho melhor assumirmos esse papel logo de vez e usufruirmos o melhor possível dele. Se conseguirmos convencer cada turista que visita outra cidade nas redondezas a passear um ou dois dias por aqui, já teremos um avanço.

E quando se trata das redondezas, temos sim grande vantagem sobre muitas capitais. Qual a capital brasileira tem dois (2) patrimônios mundiais da humanidade em um raio de 100Km? Pois é. Temos o Santuário do Bom Jesus, em Congonhas do Campo, e a cidade histórica de Ouro Preto. Pro norte, um pouco mais longe, encontra-se a cidade de JK, Diamantina, cujo centro histórico também é patrimônio mundial da humanidade reconhecido pela UNESCO.

Falando em políticos do passado, se o turista quiser ir um pouco mais longe, a cerca de 200Km daqui, ele encontra São João Del Rei, terra do Tancredo Neves. E, ali perto, um pouco tímida e não tão afeita a grandiosidades políticas, está Tiradentes (um xodó de cidade no meio das montanhas!).

Claro, nem só de história vive Minas e os arredores de BH. Pertinho daqui, no município de Brumadinho, está o afamado Instituto Inhotim, uma mistura de gigantesco jardim botânico com monumental museu de arte contemporânea. Bem, é um lugar afamado e caro. A entrada custa R$ 28,00! E nem pense em fazer piquenique porque é proibido. E saiba que o almocinho lá é ainda mais oneroso que a entrada. Enfim, é pra quem gosta mesmo de arte contemporânea.

Se o interesse é só a parte natural do lugar, procure opções mais alternativas, como passeios por um dos muitos parques de BH (o Mangabeiras é o melhor), ou dê um pulo na Serra do Cipó ou no Santuário do Caraça.
É claro que no texto é mais fácil fazer esses deslocamentos. E aí está um grande problema que acho que devia ser resolvido. Essas atrações nas redondezas tinham que ser conectadas de modo mais prático para o turista. Quem não puder alugar um carro vai ter sérias dificuldades de locomoção. Tente ir de Congonhas do Campo para Ouro Preto de ônibus sem voltar a BH! Tente ir de Ouro Preto a Tiradentes direto! Dá uma dor de cabeça!

Outra necessidade urgente é uma maior agilidade e atenção quando a questão é preservação e uso adequado das áreas verdes. Em prol de um suposto desenvolvimento do turismo, tudo pode ser derrubado aqui para a construção de hotéis, sobretudo em tempos de Copa do Mundo. Mas uma cidade é boa quando o turista tem um parque verde, uma praça, perto do hotel para descansar depois do almoço, ou para cruzar de caminho a um ponto de interesse. Disso já é bastante o que foi dito. Vamos pro final.

Belo Horizonte devia assumir o papel de parasita e porta de entrada para outros lugares de vez e investir em facilitar a vida do turista no transporte dentro da cidade (para que ele se anime a circular um pouco) e, em parceria com o Estado, no transporte interurbano (para que ele continue passando por aqui e não busque outras rotas). Imagina só se você chegasse a BH pelo aeroporto de Confins (o maiorzinho daqui, mas ridículo se comparado ao de outras capitais até menos prósperas), pegasse o ônibus chamado Conexão (A única solução boa dos últimos anos! Acreditam que em algumas cidades o aeroporto é longe assim e não oferecem esse tipo de serviço a preço justo?) até o centro, pudesse se hospedar em um hotel e passear por BH um ou dois dias, para, depois, tomar um trem que te levasse até Congonhas do Campo e, de lá, até Ouro Preto, e, de lá, até Tiradentes! E, depois, voltar de trem até uma estação de metrô, que te deixaria na rodoviária, de onde você tomaria o Conexão de volta ao aeroporto! Tudo bem, estou pensando que essa joça é Europa. Transporte é boa parte das preocupações de um turista econômico.

Enfim, até que, se comparada com outras cidades latino americanas turísticas e louvadas entre os brasileiros que viajam para o exterior (estou pensando em uma específica, aquela, mas não posso dizer, pois algum amigo de lá poderia ler, sabe?) Belo Horizonte ainda é bem cuidada, tem boa jardinagem, capricho e tudo. Isso agrada quem já veio e aqui está, mas não motiva a vir quem ainda está longe.

Se o turista vier e não gostar, pelo menos pode comprar um queijo. O canastra de São Roque de Minas é o melhor. Vende no Mercado Central de Belo Horizonte.

Abraço,

Cesar

P.S. Belo Horizonte é cidade grande e desorganizada como todas do Brasil. Não espere encontrar hospitalidade mineira aqui. Isso você só encontra nos esconderijos da genileza, em pequenos distritos de pequenas cidades. Dizem que há vestígios de tal presença em lugarejos como Milho Verde, em Diamantina, e Santo Antônio do Leite, em Ouro Preto. É que, na verdade, Belo Horizonte não é tão mineira como já foi. É uma metrópole com trânsito horrível, fumaça de ônibus e gente apressada. Mas tem suas ilhas de tranquilidade, cultura e humanidade.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A nudez da srta. Dieckmann e o desvelamento da canalhice

Confesso que mal consigo associar o nome Carolina Dieckmann a um rosto. Provavelmente, isso se deve a minha pouca exposição à teledramaturgia brasileira. Mas muita gente, hoje, consegue relacionar o referido nome a partes menos evidentes do corpo. Por quê? Pois é...

É que roubaram as fotos da cidadã e as divulgaram na internet. É que após quatro dias da notícia divulgada, os jornais diziam: "mais de oito milhões acessaram fotos de Dieckmann em quatro dias". Caramba! Não é que eu me assuste com a quantidade de gente querendo ver gente pelada. O que assusta é como a ética se suspende quando o desejo e a curiosidade se aguçam. Para mim, os responsáveis por esses dois milhões de acessos diários são tão canalhas quanto os que roubaram e divulgaram as fotos! Não acha? Vamos transpor o incidente internético para o âmbito concreto. Um canalha faz um buraco na parede do banheiro da sua casa e vê sua filha, esposa, irmã ou mãe tomando banho. Daí, conta pra todo mundo da rua sobre a possibilidade de espiar a nudez. Depois de uns dias, a vizinhança quase toda espiou. Esses que espiaram sabendo que a mulher que se banhava não queria ser espiada não são também uns canalhas?

Então, a diferença é grande. Vamos continuar com essa transposição proposta. Olhar pelo buraco escondido na parede no banheiro é o que fazem os que espiam a srta. Dieckmann, que não queria se mostrar ao público. Ir a um cabaré com show de nudez, com uma mulher que quer se expor por um motivo ou outro, é o que fazem os que visitam sites para ver mulheres que receberam dinheiro para tirar a roupa em ensaios fotográficos. É claro que, do ponto de vista cristão, também essa atitude é altamente condenável, porque trata-se da utilização do ser humano como coisa e de entrega de si mesmo à lascívia. Contudo, o caso de Carolina Dieckmann revela não só um desrespeito à ética cristã ou entrega ao pecado por parte dos curiosos, mas também um total desrespeito ao direito de escolha da mulher, que declarou sentir-se violada pela atitude dos hackers. Uma multidão se aglomera em fila junto ao buraco escondido no banheiro. Sabem que a mulher rejeita a exposição. Mas continuam ali, desrespeitosos, canalhas. Eles deixam a curiosidade e o desejo triunfar sobre a civilidade, a ética e o respeito a outro ser humano.

Enfim, é isso que acabei pensando diante das manchetes e notícias. Agora, a coisa complica, poir começam a chegar notícias de que estão divulgando as fotos por meio de invasões em sites públicos.

"Parece não haver limites para a irracionalidade humana. E com certeza não haverá limites para a justiça de Deus" F.S.

Abraço,

Cesar

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Raiz cortada

Morreu Tinoco. Viveu muito. Cantou muito. Mas sua falta será sentida, até mais, por isso mesmo. Num Brasil tão cheio de falta de cultura, tão profundamente repleto de superficialidades, vulgaridades e falta de sentido, a tristeza do jeca é a tristeza de todo aquele que já não tem esperança em um futuro cívico mais iluminado, menos brutal e animalesco.