Continuando meu período de férias do blog, apresento esse texto de um antigo pastor meu. Aliás, o primeiro de dois que escolhi na vida. Felizmente, tanto quanto o atual, é pessoa que não ignora a importância do conhecimento. Decerto, dele discordei muitas vezes (muitas, talvez, por imaturidade), e muitas mais agora, que já não sou batista há anos. Ainda assim, guardo lições importantes que aprendi com ele e, lendo o blog que ele escreve, lembro e noto que ainda tenho um pouco do pensamento dele permeando o meu no que se refere a alguns assuntos. Neste texto que apresento, ele trata de um problema que é até caricaturizado na experiência de igrejas gigantes como a Lagoa no Diminutivo, mas que também ocorre em outros cantos por aí. Deus nos livre. E você leia o texto!
Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Originalmente a palavra aplicava-se exclusivamente ao âmbito das relações do papa com seus parentes, mas atualmente é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público. Distingue-se do favoritismo simples, que não implica relações familiares com o favorecido. Prática tão nefasta no serviço público que vem ganhando contornos de espiritualidade no meio cristão. Observo cada vez mais pastores praticando o nepotismo descaradamente. Fazem do ministério um meio de empregar seus filhos e parentes mais próximos. Vejo que o ministério pastoral virou um meio não um ideal de vida. Para tentar ter domínio sobre uma igreja consagra-se grande número de parentes e sem o menor constrangimento. Filhos de pastores que nunca souberam o que é trabalhar por uma hora sequer são consagrados a pastores para suceder seus pais quando estes deixarem o ministério. Muitas vezes filhos de pastores que possuem um passado conturbado, profano que precisa ser escondido de qualquer maneira, assumem púlpitos com ares de santidade e vasto conhecimento. Assumem igrejas de portes razoáveis e dizem que Deus os chamou para o ministério. Irmãos, sobrinhos, genros e o que mais aparecer assumem a liderança da obra de Deus sem ao menos terem sido provados pela vida, igreja e por Deus. Se as igrejas fossem consultadas sobre tais consagrações nunca teriam aprovado tais atos. Muitos consagram seus filhos e parentes ao ministério pastoral como se fosse um negócio que passasse de pai para filho. Tratam a sucessão pastoral como se fosse coisa hereditária. Isso não é dinastia onde os sucessores pertencem à mesma família. Tenho visto pastores chegando ao fim de suas vidas como Eli chegou ao fim da sua. Filhos que levam o povo de Deus ao erro e ao escândalo são alçados às lideranças e os pais com medo de submeterem a Deus a sucessão pastoral, usam do poder que lhes foi conferido para calar a voz da comunidade e da Bíblia. Sujeitam o povo de Deus a lideranças descaracterizadas e rudes e se esquecem que o Senhor é o Sumo Pastor. Não sou contra filho de pastor receber chamado ministerial. Sou contra essa tendência pernóstica que infiltrou no seio da igreja. Tal filho tendo um chamado ministerial que curse uma universidade, depois faça um mestrado e em seguida uma boa faculdade teológica. Que preencha os requisitos de I Timóteo e Tito, que não seja neófito, quem goze de bom testemunho dos de fora e a igreja local, em sua maioria, reconheça tal chamado. Anos atrás encontrei um pastor que havia cursado comigo o mesmo seminário. Ele me disse que havia insistido com seu filho para estudar e trabalhar, mas que o rapaz se recusava. Como última alternativa ele disse para o rapaz: “então vá ser pastor”. Logo em seguida me perguntou o que eu achava disso. Eu lhe respondi do jeito que a coisa veio: “Seu filho é tão desqualificado quanto você. Tal pai tal filho”. Virou mania no meio evangélico pastores dizer que existe uma unção especial sobre filhos de pastor. Outro dia, em uma reunião da ordem de pastores que freqüento, um pastor disse que Deus lhe havia dado uma revelação que todo filho de pastor era pastor. Nunca ouvi tal atrocidade como aquela. Revelações esdrúxulas e carnais como estas somente atrapalham o meio cristão. Tais revelações passam por cima da Revelação da Palavra. Filho de pastor que não for alcançado pela graça de Deus perecerá como perece o ímpio. Alguém já disse no passado: “Deus não tem netos, somente filhos”. Mas que o Senhor se apiede de nós pastores e nos dê a graça de conduzir nossos filhos ao pleno conhecimento de Cristo. Que a igreja possa se submeter ao soberano Senhor e aceitar suas decisões. Que nós pastores sejamos mais fieis no trato das coisas de Deus. Em Cristo que não faz acepção de pessoas.
Soli Deo Glória
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Soli Deo Glória
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Bom!!! E acrescento ainda mais agora refletindo para o meio nosso, quando olhamos para o ser pastor, temos sempre em mente o chamado. De quem é o chamado? Quem chamou Paulo e os Apóstolos? Olhando para Paulo, que para mim é o que tem o chamado parecido com o de hoje em dia. Ele não saio logo tendo uma igreja, pelo contrario ficou um bom tempo sem o chamado para o ministério. O chamado dele veio pela igreja de Antioquia. Nós compreendemos como "chamado" o feito pela congregação, dessa forma a pessoa só é pastor se tiver o chamado, não tendo chamado volta a ser um irmão como os demais. E olhando o texto é bem colocado a preocupação. Por isso o povo de Deus tem que ser ensinado e não dominado com o ministério.
ResponderExcluirAbraço.
Celso,
ResponderExcluirConcordo com você.
Abraço,
Cesar