Não. Nada mais machista que um "dia da mulher". Dia do índio, dia da consciência negra, dia do diabético, dia do idoso... Os "dias" são criados para as minorias (ainda que numericamente maiores) oprimidas. Não. Mesmo não sendo mulher, eu me recuso a comemorar um dia chamado "dia da mulher". Este não é um dia feliz, uma migalha com creme recebida com contentamento. Não. É um dia triste, que lembra que ainda é preciso lutar para que as mulheres sejam respeitadas como seres humanos dignos. Sim, é "dia de luta pelos direitos da mulher". Dia triste, pois lembra que a luta ainda é necessária e, talvez, até mais urgente que antes.
Vivemos um tempo em que, apesar de todo desenvolvimento tecnológico e de todo aparato jurídico, a brutalidade impera e a violência se avoluma. Isso se percebe em todo tipo de relação interpessoal. E não deixa de acontecer, com certa dose de crueldade, nas relações entre muitos homens e suas respectivas esposas, que eles prefeririam chamar logo de escravas.
Este é dia de luto. E será dia de luto, até o dia em que não for mais necessário. E isso acontecerá quando falecer a última mulher com a cicatriz da última violência doméstica praticada sobre esta terra. Essa última cicatriz virará pó. Só então, o dia será feliz e poderá ser esquecido, apagado do calendário.
Assim vejo este dia sombrio. Eu o vivo com a esperança de que se acabe para sempre. Mas o cotidiano de nossa terra não traz bons prognósticos. E a Igreja, muitas vezes, se cala. Por quê?
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