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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hino do Cristo Salvador, de Clemente de Alexandria (tradução minha)


Oh rei dos santos,
palavra tudo-subjuga
do pai altíssimo,
líder da sabedoria,
amparo dos sofrimentos
etern'alegre'mente,
Da raça mortal
Salvador Jesus
Pastor, agricultor
lavrador, passagem,
asa celestial
de um passaredo sacrossanto.
Pescador dos que têm voz articulada
que são salvos
de um mar de maldade,
peixes puros
de uma onda hostil
pescando para doce vida
ovelhas racionais
Oh pastor santo,
toma o comando, oh rei,
dos filhos intocados
pegadas de Cristo
caminho celestial


Nesse belo hino atribuído a Clemente de Alexandria (fim do século II ao começo do III), encontramos a figura do peixe sendo associada não a Cristo, mas aos cristãos. Cristo, por sua vez, é aquele que os pesca "de um mar hostil" para uma "doce vida". O mar, então, como no texto que lemos de Agostinho na última postagem, aparece como o ambiente perverso do mundo presente. Esse talvez seja o grande ponto de continuidade entre a leitura de Clemente e a do bispo de Hipona, que nos permite construir uma leitura composta a partir desses dois testemunhos: "Cristo esteve como mais um peixe neste mar hostil. Ele resistiu, esteve sem pecado e, tendo morrido e ressuscitado, agora, ele pesca os outros peixes, levando-os para a doce vida da salvação eterna." Ademais, fica bem explicado, ainda que quase simplesmente por termos justapostos, o trabalho de Cristo na vida desses cristãos que ele pesca.

P.S. O texto, cheio de vocativos, parece meio desconexo. Talvez me falte potência poética para traduzi-lo de modo satisfatório. Enfim, foi o melhor que pude fazer a partir do texto grego, que me pareceu também meio entrecortado. Não que esteja fragmentário (parece bem completo), mas um tanto econômico nas palavras, o que não deixa de ser característica desse tipo de composição.
P.S.' Que me perdoem os católico-romanofóbicos, mas meu interesse pela patrística vem se incrementando.

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