Novidade

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Caiu na rotina!" Afinal, precisa acontecer isso?


A rotina é o temor de muitas pessoas. Não ter rotina, no entanto, talvez não seja uma alternativa viável. Ela é inevitável. Podemos detestá-la, mas precisamos dela. Uma empresa sem rotina não funciona, pois um funcionário não saberia os passos a seguir para cumprir uma determinada tarefa. Na infância, a rotina possiblilita um desenvolvimento um pouco mais livre do estresse. Na cozinha, só mesmo um chef com ingredientes abundantes e sem limite orçamentário poderia se dar ao luxo de não ser rotineiro jamais. No casamento... Bem, aí vem o contexto em que mais escutamos a frase: "Ah, é que caiu na rotina".

Muitos usam essa frase para justificar o fim ou a insatisfação com o relacionamento. A culpa deixa de estar nas pessoas e passa à Rotina, que se personifica, como um monstro que se deveria ter evitado. Evitar a rotina seria complicado. Sem rotina não se vive normalmente, como disse. Mas o que se pode evitar é "cair" na rotina. "Cair" dá a ideia de que a coisa é irrefletida, uma fatalidade. "Cair" é mais problema que a rotina em si. Assim, minha proposta não é aniquilar a rotina, mas a queda. Em vez de viver sem perceber o que acontece até que se caia em lugar indesejado, prefiro que se contrua uma rotina aprazível, pensada e observada.

Em vez de cair, construir. E construir possibilita planejar, observar problemas, pontos positivos e negativos. Construir uma rotina em casal, em família, é uma ação solidária de reconhecimento das necessidades e interesses do outro. E a própria rotina construída pode incluir o dever de se avaliar o que se contrói ao longo do tempo: "Essa rotina está boa para você?", "O que podemos fazer para melhorar?". E, claro, a diversão deve ter seu lugar em uma rotina saudável. E divertir tem tudo a ver com o "diverso", o "diferente". Isso significa que, mesmo na rotina, haverá espaço para variações e surpresas, em momentos propícios para isso.

Não estou pensando em coisas radicais, como por exemplo: "Querida, sabe aquele dinheiro da poupança que estamos juntando faz 3 anos? Pois é, tirei e comprei um pacote para as Ilhas Fiji? Não é o máximo?". Como disse antes, a rotina e também suas diversões devem ser conversadas solidariamente, e em consonância com as finanças. Claro, a rotina tem que ser compatível com a situação financeira da família (se não for assim, a dor de cabeça entrará para a rotina já já!). Uma ida a um parque, um piquenique, um passeio a uma cidade próxima, um jantar diferente, um agrado fora de data especial, um elogio criativo, um paparico inesperado, um beijo no meio do filme, uma música nova, um prato nunca antes preparado...

E, agora, eu fujo da rotina do texto, que já está se transformando em aconselhamento matrimonial, e vou pra comida: Quantos ingredientes você experimentou pela primeira na cozinha  vez neste ano? Seu prato é quase sempre igual, de segunda a segunda? A rotina do sabor também pode incluir o diverso. Este ano, para mim, foi especial por causa dos fungos. Preparei macarrão com shitake, comi lasanha de cogumelos silvestres com espinafre em um almoço especial à beira de um rio calmo, e tive cogumelos com ovos no café da manhã durante alguns dias. Também, me diverti com grão de bico e bacalhau, que antes não tinha usado na cozinha. E comi, pela primeira vez, mussaka, um prato grego que há muito queria conhecer. Ah, e experimentei quase dez tipos de queijos novos para meu paladar. Isso fez minha diversão nos momentos rotineiros das refeições. E você? Não inaugurou nenhum ingrediente ainda este ano? Tente! Ainda há tempo! E aproveite para divertir alguma pessoa que constrói a rotina com você! Prepare um almoço ou jantar especial para ele/ela.

E, claro, há algo de veras importante: Que o amor seja o tom de nossa rotina! Que tudo seja feito com amor ao próximo, para a glória do Criador, que renova rotineiramente suas misericórdias sobre nós, que, rotineiramente, insistimos em cometer erros semelhantes (como por exemplo, rotineiramente, não ligar para o que o semelhante pensa da rotina que insistimos em criar de modo egoísta).

Um abraço fraterno,

Cesar


3 comentários:

  1. Maravilhoso, deu até vontade de sair da rotina. Muito bom. Paz meu querido!

    ResponderExcluir
  2. Rotina! Sempre ela a nos lembrar das nossas limitações, e quanto as nossas desculpas só nos afasta da felicidade. Valorizar o semelhante é a melhor forma de vence-la. Quanto aos pratos apresentados fico só visualizando o sabor. Uma mistura sabia irmão. Paz no Senhor.

    ResponderExcluir
  3. cmoportunidade,

    Bem vindo/a a esta humilde cantina.
    Que Deus o/a abençoe em suas empreitadas!

    Abraço,
    Cesar

    ResponderExcluir