Não tem
como não falar de outras pessoas. Mas tem como escolher o que falar
e a maneira de falar. Hoje, comento sobre uma escolha e uma maneira
específicas, que costumamos chamar de fofoca. É algo que não me lembro de ter sofrido contra mim há muito tempo. Mas que nos circunda e ameaça. Dentro e fora.
De imediato, o leitor
pensará que mencionarei o famoso texto de Tiago, no qual o irmão do
Senhor Jesus se refere à língua como um pequenino órgão que faz
grandes estragos. Mas se o leitor já pensou nisso, não preciso
lembrar outra vez. Vou direto à imagem que me ocorreu.
Alguns
falam de outras pessoas e se deliciam com isso. Jantam a imagem, a
reputação e a honra alheia como se fosse uma picanha gordurosa e suculenta. Fatiam, picam, espetam o garfo e abocanham diante de todos.
Pode-se ver o caldo escorrendo de seus lábios, misturado ao veneno
de suas presas. O prazer de se destroçar o que, na visão deles, já
é fraco, os domina por completo. E o colesterol dessa refeição
perniciosa vai rápido por suas veias e começa a entupir as entradas
de seus corações. O próprio sangue já não chega e sai tão
facilmente por ali. Claro que não. Eles, aos poucos, querem mais e
mais vítimas e já não percebem o que fazem, pois o sangue que
vivificaria suas consciências já não pulsa como d'antes. O coração
está mais fraco. Este vício, como tantos outros, tem mecanismos para gerar dependência e
impedir o escape do viciado. Amor, que é o remédio para tantos males, não circula mais; é
um item esquecido em meio a tantos conceitos e a tantas buscas que maqueiam a grande falta.
É isso.
O amor não marca o rítmo mais de nossas vidas. Não é mais visto
como a norma maior, que faz agregar e não separar, produz
aproximação e cuidado, não discriminação e ataques irônicos. E
se não há amor, o vício de disseminar más impressões domina por
completo. Mas, onde está o cristianismo se não há amor? Se olhamos
uma possível e talvez inverídica falha não como oportunidade para
auxílio, mas sim para humilhações e ironias? Onde está o espelho
para revelar nossa mediocridade se nos emaranharmos em verborragias
maléficas e nos esquecermos do Verbo vivo que se encarnou para nos
amar e ensinar o amor? Nos esquecemos do espelho, chamado Palavra de
Deus. Deixamo-lo empoeirado, longe de nossas vistas, e o trocamos por
um joguinho mesquinho de amizades e desafetos, tornando-nos em um
clubinho social desengonçado, em vez de nos dispormos a sermos
feitos Igreja e Corpo pelo Espírito que nos é dado. Somos cristãos?
Somos
“cristãos”, sem dúvida, pois esse título hoje se recebe por opção
religiosa. Mas não seremos de Cristo se o amor não for nossa razão e nosso objetivo. Quem não ama, não conhece a
Deus. (Não sou eu quem o diz.) Conhece, sim, as mazelas de uma alma entregue a si mesma, contra o
próximo e contra o Eterno, ainda que suas obras o iludam do contrário.
Que a
Graça nos alcance, e ilumine nossas densas trevas. Que o amor maior
de Cristo, demonstrado na cruz, seja forte e potente, para nos
resgatar de nossas vidinhas simuladas. Que o convite para receber do corpo e do sangue de Cristo na Santa Ceia nos seja muito mais atrativo do que os milhares de convites para devorar a imagem alheia, como conviva de uma conversa infrutífera. Essa é minha oração, para mim e meus irmãos. Porque eu, eu só nEle confio, já que em mim mesmo não há nada que me conduza para o bom uso das palavras. Eu só nEle espero. E espero que nos converta todos os dias ao seu amor e à sua sabedoria.
Termino
com versos maravilhosos e sugiro a música de que os tirei. Para
composições assim serve nossa habilidade de usar a voz articulada, não para tantas outras coisinhas que só mencionar seria vergonhoso.
“Se eu
não tiver amor, de nada valerá. Eu viverei só pra saber o que é
viver em vão!”
Stênio
Marcius
Um abraço fraterno, de um alguém que tenta crescer junto, tropeçando e se levantando (e, eventualmente, esperando receber algum apoio quando o terreno está irregular, e nunca empurrões que terminem de derrubar).
C. M. R.
Li uma vez não sei onde 'que a fofoca diminui o caráter de quem a espalha, prejudica o caráter de quem a escuta e com freqüência causa danos irreparáveis a reputação de quem é o seu alvo". Ela destrói, fere, leva pessoas a fazer julgamentos do seu irmão e impede a oportunidade de defesa.
ResponderExcluirQuando iniciei minha cristã, tive todo cuidado possível no trato com as pessoas presumindo uma santidade além da conta, mas com o passar do tempo, vi coisas horrendas em nosso meio. Situações jamais vividas antes no"mundo". Não consegui consentir conviver com tanta gente do tipo mesquinhas e falsas, até reduzir consideravelmente a quantidade de amigos no meio. Estes, eu deleto de minha vida! Conte comigo, pois tem muitos que nestas horas só querem nos empurrar. Bj!
Obrigado mais uma vez pelo apoio, Rô!
ResponderExcluirInfelizmente, acho que é por aí mesmo.
O que motivou este texto não foi ocorrido comigo, mas entre amigos queridos, por isso a urgência de escrever para desabafar.
Abraço,
Cesar
Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas. Lucas 11:35
ResponderExcluirInfelizmente esse é uma prática comum inclusive dentro de nossas Igrejas.
Sabedoria!Essa é a chave para nos colocarmos fora do alcance das fofocas.
Ps.NO próximo sábado, dia 26 estarei aí na terrinha, se tiver com tempo me avise.Quem sabe achamos um tempo para um café e um bolo de fubá.
Vou estar no Toronto Tower Residence
Rua Ceará , nº 2001 – Bairro Funcionários – B.H
Abração.
Que bom ter sua visita, Anselmo, tanto no blog quanto aqui na cidade. Sobre o sábado te falo por e-mail já já.
ResponderExcluirUm abraço de irmão,
Cesar
Como sempre atrasado,mas não sei como interpretar quando o assunto é a opressão, falar direto para a pessoa é sempre o melhor, mas vivi esta situação em minha vida e posso dizer que só trouxe inimizade. Olhando o quadro pintado por ti devo dizer que realmente quando deliciamos com a situação e dessa forma transformamos num banquete, realmente o amor ficou de lado,voltar ao primeiro amor é o convite de nosso mestre e senhor. Até nisso estamos carecendo de ensino...
ResponderExcluirAbraço.
É mesmo complicado, Celso. Confrontar diretamente a pessoa que faz fofoca nem sempre (talvez quase nunca) produz resultados positivos, pois todos nós temos um orgulho que nos afasta de reconhecermos nossos erros. Ou damos desculpas ou simulamos coisas. Essa volta de que você fala é que é urgente. Se o foco for o amor, nós amadureceríamos muito, e muitas picuinhas bestas seriam abandonadas.
ResponderExcluirEnsino... é de veras...
Abraço,
Cesar