O quadro atual
Descobrimos
uma maneira de ser mais, de ampliar o âmbito de ação e a extensão
da existência. Éramos em um lugarejo, em uma vila, talvez em uma
cidade. Conhecíamos algumas pessoas, amigos e família. Com eles,
compartilhávamos a curta vida. Nos olhos deles, víamos refletido o
nosso ser. Era pouco para seres tão capazes.
Fizemo-nos
virtuais. Divulgamo-nos na rede e, em rede, nos fizemos conhecidos.
Criamos vitrines para a apresentação de nós mesmos como produtos à
venda. Dispusemo-nos em oferta atrativa. Claro, ninguém coloca na vitrine de uma loja as ofertas menos interessantes. Ninguém coloca nas
vitrines virtuais dados mais monótonos do cotidiano, mas somente os pontos
de interesse que caracterizam uma vida intensa, feliz, animada, ou
uma espiritualidade robusta e ascética. Jusfiticamos assim o nosso
direito de exisitir sobre a Terra. Que todos saibam que merecemos
viver, afinal, somos tão interessantes ou justos. Assim, na verdade, nos
inventamos em palavras e imagens selecionadas e, sem perceber, nos
coisificamos.
Inflados
pela possibilidade de sermos expandidos, damos eco ao ego e nos
deleitamos em nós mesmos.
O homem
do deserto
Mas vem a memória de certo João a incomodar. No deserto, vestido de peles
e comendo gafanhoto. Ele não ia às cidades buscar a fama. Eram os
outros que se achegavam a ele. Eles o buscavam no nada, não na
vitrine. Ele não havia montado vitrine alguma. Na poeira, gritava
uma mensagem dura, mas que comunicava uma esperança. Apontava, mas
não para suas próprias qualidades, atividades e intensidades. Havia
um que era maior que ele: o cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo. E era esse justamente que devia se evidenciar. O homem do
deserto, por sua vez, se fazia menor. Não alardeava a si mesmo, não
expandia seu ser, mas apontava para o Ser, que se fazia também
pequeno, humano, para alcançar os humanos.
João
Batista não adornou sua face para fazê-la conhecida, elogiada, bem
afamada. Não. Deu-a a tapa. E a teve levada sobre uma bandeja, para
que a maravilhosa vinda do Cristo fosse conhecida.
O dilema:
o Ser e os seres
Expandir
o ser, estar numa pequena moradia e afetar o mundo. Isso é muito
atrativo. Contudo, chega a nos enganar, pois nos esquecemos de que, no
fundo, não somos. Apenas existimos a partir dAquele que realmente
é, do único e verdadeiro Ser. Esforçando-nos para ser mais,
nos esquecemos da nulidade de nosso ser, iludindo-nos com falsas
potencialidades. E nos esquecemos do Único que sustenta o
significado da vida. Fazemo-nos maiores na ilusão de nossas
negociações de fama. Mas, na verdade das coisas, tudo isso é
vazio, e está longe da Verdade.
Olho e
recolho-me, não à minha insignificância, mas no significado que me
doa o Autor. É preciso rever conceitos, motivações, valores e ações, com sinceridade, paz e auxílio do Consolador.
Ao Eterno, a
minha existência, que Nele mesmo se sutenta.
C. M. R., pois Cristo Me Redimiu
Realmente! Olhando para dentro de nós vemos estados de grandezas, não que as mesmas sejam eradas, mas demonstram muitas vezes o desejo do ser. Olhando os grandes heróis da fé, vejo uma entrega, um desejo, uma motivação, não no ser, mas em revela aquele que realmente é. Não podemos ficar pensando nas nossas limitações e sim usá-las no serviço, para que realmente o reino de Deus se mostre a todos. E olhando dessa forma, percebo que é inevitável avaliarmos o quanto estamos investindo neste reino. Não digo só financeiro, mas como João, usar todas as nossas habilidades e dons para anunciar o cordeiro de DEUS que tira o pecado do mundo. Não ser, mas apresentar aquele que é.
ResponderExcluirAbraço.
Celso,
ResponderExcluirÉ isso mesmo, eu sei.
E que milagre você comentar enquanto a postagem é realmente recente!
Um abraço,
Cesar
Sensacional! Ótima reflexão para todos nós da blogosfera. Amei! Como diz a Bíblia: "Aquele que pensa que está em pé cuidado para que não caia".
ResponderExcluirSigamos salgando!
Fábio.
Fábio,
ResponderExcluirGrato pela gentil visita! Salgando sempre!
Cesar
É um grande alerta para todos nós realmente. Paz!
ResponderExcluirExcelente!!! Continue escrevendo para alerta do povo de Deus.
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