Em
princípio e toscamente, alguém poderia pensar: “O que tem o
cristianismo a ver com a sustentabilidade da vida neste planeta se o
que lhe interessa é a coisa eterna e o novo mundo que há de vir no
desenrolar escatológico?”
Um minuto
mais de reflexão e lembraremos que o desenrolar escatológico, ainda
que anunciado por vezes como iminente, encontra-se em um momento
desconhecido (e fatalmente condenado a ser desconhecido). É já. Mas
o já não é já determinável. É logo ali. Mas pode ser logo ali
de mineiro.
Daí,
percebemos que a vida neste planeta pode perdurar ou não durante
mais anos ou séculos, mesmo que tenhamos fé viva no Eterno. Ainda
assim, alguém poderia desprezar a matéria e atentar somente para o
espírito e a proclamação do Evangelho. Afinal, não é esta a
tarefa fundamental da Igreja? Sim. Mas para que um discurso seja
ouvido, é preciso que haja ouvido para ouvi-lo. E é preciso que
haja consciência humana além do ouvido. E é preciso que haja vida.
É preciso que haja paz. E a paz é possível somente quando há
condições mínimas de existência humana digna.
Aí entra
a conversa que proponho. Se, no presente, o amor pelo semelhante se
manifesta inclusive em justiça nas relações econômicas e sociais,
no horizonte do que há de vir, manifesta-se no cuidado com o planeta
legado. Certamente, é difícil para o ser humano a prática do amor
para com o próximo. Ainda mais para com um próximo ainda
inexistente, mas potencialmente existente em um tempo futuro! Cuidar
do planeta é cuidar do ambiente que receberá o próximo que há de
vir (ou que se espera que virá, mas não virá, dependendo do quando
dos eventos finais). A conclusão disso é a seguinte: o peso do seu
lixo é proporcional ao volume de seu amor para com o próximo
potencialmente existente. Sim. Se seu lixo é pesado, significa que
você separa os recicláveis. Lixo orgânico pesa mais.
Para
descomplicar as coisas, encaminho a segunda metade do texto nos
seguintes termos: Os cristãos podem e devem incluir em sua agenda a
construção urgente de um modo de vida sustentável. A Bíblia dá
mostras de que nossa fé interfere em toda nossa vida. Os conselhos
de Paulo envolvem uma ética que vai do âmbito familiar ao
profissional. Decerto, hoje, com as urgências atuais, nossa ética
cristã deve incluir a dimensão ambiental, pois, diferente de alguns
dos primeiros cristãos, aprendemos a suspeitar da iminência da
segunda vinda de Cristo, mas sem deixar de atentar para a
possibilidade de que tarde um pouco mais, que a paciência do Eterno
se prolongue por algum tempo desconhecido.
A lógica
capitalista sofre para acolher, na marra, a noção de
sustentabilidade ambiental, pois o seu interesse é imediato e
egoísta. O cristão, mesmo o cristão mais envolvido nos porões do
capitalismo, deveria amar o próximo (e também o que vem próximo no
tempo) como a si mesmo e ocupar-se com o cuidado dele. O cristão
deveria ser sensibilizado pelo amor que nele está derramado pelo
Espírito Santo, de modo a compreender o valor das pequenas mudanças.
Ao contrário, o que vemos são reclamações e críticas contra as
mobilizações favoráveis à preservação do ambiente. Se algo
interfere no conforto costumeiro, o cristão, como todos os outros,
reclama, não pensando no outro que há de vir. Mas se a novidade
tecnológica agrada, ele não pensa duas vezes, não reflete um
minuto sequer no estrago que pode fazer, no resíduo deixado. O
resíduo é o legado que deixamos aos que estão por vir a ser?
Isso do
lixo eu digo com respeito ao comportamento do cristão
individualmente. E como comunidades? Estamos manifestando algum
interesse pelo legado ambiental que deixaremos aos futuros próximos?
Nossas igrejas dizem algo a respeito das questões ambientais locais,
nacionais ou mundiais? Deixaremos o testemunho de pessoas que
tentaram preservar a possibilidade de vida melhor?
A
sustentabilidade da vida em condições ambientais adequadas não é
preocupação contrária ou alheia à agenda cristã. Ao contrário,
percebo uma bela oportunidade de testemunhar o amor a partir de ações
atentas para as questões ecológicas que estão em voga. Construir
um pensamento diferente sobre a vida, um estilo de ser livre do
consumismo crescente, uma reflexão sobre a existência temporal de
forma menos egoísta. Tudo isso é tarefa dos cristãos também.
O
problema é que muitos cristãos estão sendo engolidos pela
mediocridade da vida irrefletida. Já não estão conscientes de que
o tempo passa rápido, de que a vida humana é como a de uma flor,
que logo murcha. Já não percebem a vida, enquanto oportunidade de
gesto de amor (de reconhecimento do amor divino e retribuição por
meio do amor ao próximo), que deixa de acontecer enquanto eles só
querem esbanjar própria vida, enquanto prática de ser egoísta. E
outros tantos cristãos, mas menos tantos que os primeiros, estão
vivendo uma fé de alma somente, como se o corpo não participasse da
existência respaldada por Deus, o qual, é bom que não se esqueça,
é o criador, tanto das coisas visíveis quanto das invisíveis.
Bem, e
como a flor e a vida humana, murcha o texto também. Não o fiz
sustentável a longo prazo. É precário e termina somente como um
convite à reflexão. É possível viver diferente? É possível
evitar o mal do mundo físico e, ao mesmo tempo, exercitar valores
espirituais básicos da fé cristã? Eu julgo que sim. Eu acredito em
vida após a tolice consumista.
Um
abraço,
Cesar
Muito bom, parabens.
ResponderExcluirAmem!
ResponderExcluirQue Deus continue te abençoando eternamente!
Jadson Lima
http://nucleoestouindo.blogspot.com/
Uma chuva de bençãos desça sobre sua vida, família e ministério!
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É o meu desejo e oração.
Em Cristo,
***Lucy***