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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O QUE É O EVANGELHO, AFINAL? Um trecho de "Lei e Evangelho" de C. F. W. Walther

Prezados leitores,
Esse texto é desconhecido para a maioria dos evangélicos. Mas trata de algo que, hoje, eu julgo de fundamental importância para a compreensão do Cristianismo como religião diferente do Judaísmo. Ele entende a especificidade do Evangelho e da Lei, definindo e não confundindo as coisas. O Evangelho a que se refere não é um tipo de texto. Também, não é a Palavra de Deus como um todo. E é bom não deixar as coisas misturadas. Pois, às vezes, atribuímos ao Evangelho (que é a mensagem do perdão pelo sacrifício de Cristo) algo que não lhe concerne. Leia, e pense.
Abraço, Cesar.


Estes sentimentos que se requerem podem, entretanto, ter uma origem bem diversa da que eles imaginam. É possível que, ao invés do testemunho do Espírito Santo, seja um efeito físico resultante da vigorosa mensagem do pregador. Isto explica porque muitas pessoas das mais bem intencionadas, que se tornam crentes, em determinado momento sentem que tem o Senhor Jesus, e logo depois sentem que o perderam novamente; em determinado momento imaginam que estão na graça, e em seguida afirma que decaíram da graça.

Esta prática errônea é resultante de três terríveis equívocos:

Primeiro: As seitas não crêem nem ensinam a verdadeira e completa reconciliação entre Deus e o homem. Isto porque julgam que nosso Pai celeste é um Deus extremamente rigoroso, que precisa ser comovido através de gritos e lágrimas ardentes. Isto implica em negar o mérito de Jesus Cristo, que há muito tempo reconciliou o mundo com Deus, fazendo com que Deus agora tenha uma disposição favorável para com os homens. Deus não deixa nada pela metade, inacabado. Em Cristo, Ele ama a todos os pecadores indistintamente. Os pecados de todos os pecadores foram cancelados. Toda a dívida foi paga. Não há nada que o pobre pecador tenha a temer quando se aproxima de seu Pai celeste, com o qual está reconciliado por causa de Cristo.
Entretanto, os homens imaginam que, depois que Cristo fez a sua parte, cumpre igualmente a nós realizar nossa parcela. Julgam que o esforço conjugado de Cristo e do homem é que efetua a reconciliação. Para as seitas, reconciliação é isto: o Salvador fez com que Deus se mostrasse disposto a salvar os homens, desde que estes, por sua vez, se demonstrem dispostos em serem reconciliados. Este, contudo, é um anti-evangelho. Deus está reconciliado! Por isso Paulo roga que nos reconciliemos com Deus (2Co 5.20). Isto equivale a dizer: Deus está reconciliado com vocês por causa de Jesus Cristo! Por isso agarrem-se à mão que o Pai celeste está estendendo. Além disto o Apóstolo declara: “Um morreu por todos, logo todos morreram” (2Co 5.14). Isto vem a significar: Cristo morreu pelos pecados de todos os homens; logo, a morte de Cristo é como se todos os homens tivessem morrido em pagamento do resgate de seus pecados. Por isto, da parte do homem nada se requer com vistas à reconciliação; Deus já está reconciliado. A justificação já é uma realidade não cabe ao homem tratar de consegui-la. Toda tentativa do homem, neste sentido, é um crime horrendo, uma luta contra a graça, contra a reconciliação e a prefeita redenção do Filho de Deus.

Segundo: As seitas erram na doutrina do evangelho. Consideram o evangelho uma mera instrução que mostra ao homem o que deve fazer para que receba a graça de Deus. Isto está errado; o evangelho não é outra coisa senão a mensagem de Deus ao homem, que diz: “Vocês foram redimidos de seus pecados; vocês estão reconciliados com Deus; seus pecados estão perdoados”.

Terceiro: As seitas erram no que ensinam a respeito da fé. Consideram-na uma qualidade dentro do homem, que tem por objetivo aperfeiçoar este homem. E pelo fato de a fé aperfeiçoar, melhorar o homem é que eles a julgam tão importante e salutar.
É evidente e não se pode negar que a fé genuína transforma o homem completamente. A fé faz com que o amor inunde o coração do homem. Onde há fogo, há calor; do mesmo modo, onde existe fé, é inevitável que haja amor. Todavia não é este aspecto da fé que nos justifica, que nos dá o que Cristo já adquiriu para nós e que portanto já é nosso, desde que seja aceito. Para a pergunta: “Que devo fazer para que seja salvo?” a Escritura tem a seguinte resposta: “Você deve crer; não resta nada que você mesmo possa fazer”. Foi assim que o Apóstolo respondeu a esta pergunta. O que ele disse ao carcereiro na realidade foi isto: “Nada lhe resta a fazer senão aceitar o que Deus fez por você; e você vai recebê-lo e será uma pessoa feliz”.


7 comentários:

  1. Não a nada que possamos fazer já esta consumado é somente crê, e todo que crê é justificado, é aí que sofremos uma mudança radical, todos os nossos conceitos antigos não fazem mais parte de nós, são mudados, pois sofremos a metanoia, isso já vem com o aceitar o que Deus fez. Bjim!

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  2. Viver a vida e ser feliz, olhar o presente e transmiti-lo de forma a não deixar duvida do amor de Deus, Jesus Cristo. Passar a olhar como Jesus olhava as pessoas e compreender o presente e o agir de Deus. Pois a dignidade esta nele e não em nós, por isso vemos as ações de Jesus que são pedagógicas para cada um de nós, não falo como exemplo a ser seguido, mas sim, como agir com o semelhante. Metanoeite traduzido como "arrependei-vos" significa: "Mudai de mentalidade". Alias, o professor é você, e ai para mim reside uma oportunidade de olhar este termo nas passagens que aparecem e confirmar se realmente é uma mudança de mentalidade ou um simples pesar.

    Abraço

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  3. Aquele que tem um encontro com o mestre não tem como não passar pela Metanoeite (arrependei-vos, mudança de direção e mudança de mente, mudança de atitudes, temperamentos, caráter trabalhado e evoluído.) sem pesar!

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  4. Rô,
    Obrigado por ainda vir aqui na cantina, mesmo eu entupindo seu blog de comentários... hehehe

    Celso (Luterano),
    A pesquisa linguística que você propõe é mesmo imortante. Em princípio, pensando a partir da etimologia, o sentido é mesmo relacionado especificamente a um processo mental. Mas os termos não têm seu sentido construído somente a partir de sua origem etimológica. Se assim fosse, você teria que batizar os bebês por imersão. Precisamos observar como as palavras realizam seu sentido nos variados contextos em que ocorrem. Vamos trabalhar nisso?

    Abraço,

    Cesar

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  5. É interessante a relação que as Igrejas têm com o pecado nos dias de hoje. Ao mesmo tempo em que pregam a salvação através da santificação, tirando os méritos de Cristo e creditando ao próprio homem um status de salvador de si mesmo, são omissas no tratar do pecado do fiel. Basta ter uma vida sexual aparentemente pura e se abster de vícios que o sujeito é considerado digno da salvação. Enquanto isso, pecados como avareza são tolerados de forma escancarada. Como resultado temos um grande rebanho de cristãos que conseguem ser, ao mesmo tempo, moralistas e imorais.

    "Não sou salvo porque mudei, mudei porque sou salvo. Se não mudei completamente é porque não sou salvo". Este é um argumento igualmente perigoso. Na teoria, satisfaz o argumento de que a salvação é obtida exclusivamente pela graça/fé. Na prática, os resultados são os mesmos do discurso da lei: crentes vivendo como filhos da escrava (Gálatas 4), debaixo do jugo da lei, tentado provar à comunidade e à própria consciência que são salvos.

    Chegamos então ao ponto crítico: a salvação é de graça através da graça, dom de Deus, e para alcançá-la basta-nos a fé. Mas como a Igreja deve se posicionar em relação à condição de pecador do fiel? Ela não pode ser omissa, pois uma vida pautada em princípios cristãos é um direito de todo crente, e a Igreja deve oferecer subsídios para que o fiel a alcance. Ao mesmo tempo, ela deve tomar cuidado para não tornar-se instrumento de opressão, colocando o peso da lei sobre os ombros do crente.

    Eu acredito que a conversão realmente gera mudança de mentalidade. Somos convencidos do pecado, da nossa condição de pecador e da necessidade de um pacto redentivo. Confessamos Cristo como Salvador, e alcançamos a salvação através da fé. A partir deste momento, estamos salvos mediante a fé em Jesus. Daí pra frente entramos em um processo que pode nos levar a uma vida quem esteja mais (ou menos) de acordo com os princípios de Deus, e é neste processo que a Igreja exerce um papel fundamental. “E se você melhorar aos poucos, que bom, vai viver mais tranquilo” – esta sua frase de uma postagem anterior mostra a verdadeira motivação da busca por um estilo de vida mais coerente com a Palavra. Acredito que o papel da Igreja, além da vocação missionária e do culto a Deus, é justamente criar um ambiente propício para que o cristão alcance esta vida mais tranquila.

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  6. É de veras, Marcos!
    O problema é justamente o que vc percebeu. Se enfatizamos as mudanças, começam as comparações e as averiguações: "Será que fulano é salvo mesmo? Será que cicrano é salvo mesmo? Opa! Será que eu sou salvo mesmo????"
    Eu, por exemplo, tenho um vício. Sou viciado em café. Tenho até dependência biológica mesmo. Se não tomo, tenho dor. Eu me deixei dominar pela cafeína. Se fosse de uma igreja que enfatiza mudanças, poderia encucar-me... (o exemplo parece bobo, mas já vi assembleiano inventando o versículo: "Os viciados não herdarão o reino dos céus!") Por isso, agora, acho bom enfatizar o evangelho da salvação e deixar CLARO, bem claro, que as mudanças não trazem a salvação para ninguém, mas somente o Sacrifício Santo do Deus-Homem.
    Como vc disse, a Igreja tem também a função de motivar e ajudar a caminhada de seus integrantes. Isso deve ser feito por meio da exposição da palavra, mas com todo cuidado para que as pessoas não confundam as coisas e acabem comparando-se com os outros e achando que, por se santificarem, têm mais méritos que os outros, como aqueles trabalhadores da parábola, que, por trabalharem mais que os últimos, achavam que receberiam mais.
    Esse é o dilema que tive com o Celso (o Luterano aí de cima) durante este ano. Eu achava importante enfatizar a expectativa que Deus tem de que nos dediquemos mais a Ele. E o Celso me provou que é raro que as pessoas não confundam as coisas. Ele me provou que entre as duas coisas, é melhor enfatizar o Evangelho. Depois, chegar a ensinar o resto requer um ensino muito cuidadoso e próximo.
    Ah, a coisa da hipocrisia, da santificação das áreas aparentes também foi muito bem notada por você.
    Abraço,
    Cesar
    Depois conversamos mais.

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  7. Paz irmão!

    Infelizmente estamos vivendo tempos difíces, o Evangelho que se prega está muito longe de ser o que o Senhor Jesus nos deixou, tendo em nosso meio raras excessões, é claro!
    Gostei muito desta mensagem, pois a glória de Deus só será vista por nós se Crermos.
    Agradeço ao Senhor Jesus todos os dias, e hoje mais ainda pois conheci mais um membro (o irmão) desta família maravilhosa: A família de Deus.
    Que o Espírito Santo continue te usando, e que todos que acessarem o seu espaço, saiam daqui edificados.

    Espero sua visita, comentário e se gostar ficarei honrada em tê-lo como seguidor.

    Em Cristo,


    ***Lucy***

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