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segunda-feira, 26 de março de 2012

Padre Pop de Divinópolis atrai multidão com suas palestras

Padre "pop" tem estrutura de espetáculo para receber fiéis

Fonte: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=199179,OTE

DIVINÓPOLIS. Era dezembro de 2007 quando o padre Chrystian Shankar chegou a Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Dois anos depois, começou a celebrar as missas temáticas, chamadas de Missa da Família, onde abusa de piadas, gírias e contação de casos para pregar seus ensinamentos religiosos. Na primeira delas, somente 40 fiéis ocupavam os bancos do Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Passados três anos, a celebração ganhou estrutura de espetáculo: atrai gente de toda parte e hoje tem média de público de 15 mil fiéis. O número de pessoas, para se ter ideia, é superior ao de bandas badaladas, como o Monobloco, que no mês passado reuniu 10 mil pessoas na praça da Liberdade.

A reportagem de O TEMPO acompanhou, na última quarta-feira, à Missa da Família. Enquanto os 13 mil espectadores se acomodavam nos assentos da igreja, uma equipe de 300 voluntários se desdobrava para cuidar dos detalhes da celebração. As tarefas são bem definidas, e cada grupo fica por conta da sacristia, acólitos (que auxiliam o padre), acolhida, dízimo, barraquinhas, cozinha, infraestrutura, ornamentação, filmagem e foto. "É um batalhão", compara o padre Chrystian Shankar.

Como a igreja fica pequena para receber os católicos, o padre e seu batalhão usam um imóvel ao lado, com duas quadras de esporte, como anexo para acomodar os fiéis. Ao todo, 4.000 banquinhos são espalhados ali, na área externa da paróquia e na rua. Mesmo assim, falta espaço. Para que todos consigam ver e ouvir os ensinamentos do religioso, quatro telões reproduzem o que acontece no altar.

As imagens feitas em alta definição e o som estéreo são captados por câmeras profissionais. Antes mesmo de a missa acabar, uma equipe de voluntários segue para um cômodo nos fundos da quadra para gravar o áudio em CDs, que são vendidos no fim da missa por R$ 5. A cada celebração, cem cópias são distribuídas, além de 600 DVDs a R$ 10, cada.

O fluxo cada vez maior de pessoas por ali também chama a atenção da Polícia Militar, conforme informa o soldado Guilherme Vaz. "Começou a juntar muita gente desde 2009, e tivemos que trazer maior efetivo para evitar o furto de veículos". Mesmo evangélico, o militar aprova a postura do padre que conta piadas nas missas. "Dá para aproveitar alguma coisa. Ele passa uma mensagem de paz e amor", diz.

Já houve dias em que PM contou 800 motos ao redor da igreja. Todas as quartas-feiras, 1.500 veículos disputam as concorridas vagas nas ruas. Nos fundos da capela, barraquinhas vendem comida para alimentar os fiéis. Só de espaguetes, são vendidos 400 por noite.

O comércio ao redor também agradece. Desde que o padre Chrystian começou a celebrar suas missas, o bolso do comerciante José Eustáquio de Paula, 59, deu uma engordada. Sua sorveteria vende, no mínimo, 200 garrafas d’água por missa. "Fico com a loja aberta até a celebração acabar", diz.

Como acontece com artistas, o padre vem recebendo convites para fazer celebrações em outros lugares do país. Já foi ao Paraná, a Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. Agora, padre Chrystian tem viagem marcada para Manaus (AM) e estuda convite para realizar uma missa em Nova York.

Minientrevista
"Não namoro, mas tenho experiência."
Chrystian Shankar
Padre do Santuário Nossa Senhora Aparecida
 
Como o senhor decidiu ser padre? Desde que eu me entendo por gente que tenho vocação para ser padre. Minha alegria é pregar a palavra de Deus.

Por que o senhor celebra suas missas usando gírias, expressões e contando piadas?Jesus sempre contou parábolas com aquilo que o povo entendia: ovelha, trigo, joio, barro. Ele usava a linguagem do povo daquela época. Eu prego com a linguagem de hoje, da internet, YouTube e etc. É o que o povo entende.

E, de repente, suas missas ficaram lotadas?Sim. Começamos aqui há três anos com a Missa da Família, com 40 pessoas. Agora, são 15 mil.

O senhor dá conselhos amorosos. Se não é casado, de onde tinha experiência para isso?Sou padre, não namoro nem tenho mulher, mas frequento academia, faço trilha de moto e tenho uma experiência que a maioria não tem, que é o aconselhamento diário de muitas pessoas com o tema relacionamento. (RRo)

Comentário meu: Sem dúvida, o interessante nessa história é a diferença com relação a outros padres afamados. Este, diferente dos demais, não fez sucesso pela afinação musical, pela ginástica celestial ou divulgação global. O movimento surgiu pequeno no interior de Minas e está ancorado na fala do padre, além de ter sido divulgado, inicialmente, pelos próprios participantes. Um fenômeno interessante por sua peculiaridade. O mínimo que se pode dizer é que, em Divinópolis, nas quartas à noite, tem 15 mil pessoas a menos vendo porcaria na tela da Globo, e, em vez de transformarem suas mentes em chiqueiros fedorentos, estão dispostas a tentar aprender algo que presta. Sintoma que dá esperança? Quem sabe?


terça-feira, 20 de março de 2012

O atropelamento vocabular do Jornal do SBT (e semelhante erro de muitos de nós)


Ontem, o Jornal do SBT (19/03/2012) apresentou, como todos os demais, uma reportagem sobre o atropelamento fatal de um ciclista em uma rodovia. O condutor, como todos sabem, era o filho do brasileiro mais rico na atualidade. Em dado momento, a reportagem mostrava uma testemunha ocular, um habitante que também transitava pela estrada. Ele disse que viu quando o ciclista, que estava trafegando em linha reta pela direita da estrada, foi atropelado pelo carro do jovem que vinha em alta velocidade fazendo uma ultrapassagem. Essa era a versão da testemunha que, coincidentemente, coincidia com a de outra testemunha mostrada no Jornal da Band. Contudo, logo a voz da jornalista disse: "Mais tarde, Eike Batista DESMENTIU essa versão e afirmou que o ciclista estava cruzando a estrada e que ele sim havia agido com irresponsabilidade." Ora, o senhor ou a senhora jornalista afirmou que a testemunha que se dispôs a conceder mais cedo aquela entrevista MENTIU. Não se pode DESMENTIR o que não é mentira. DESMENTIR não é simplesmente "apresentar versão diferente" ou "contradizer". DESMENTIR é retificar uma MENTIRA com a VERDADE. (Ou será que o senhor ou a senhora jornalista não percebeu o sentido da palavra que usava? Bem, é possível, pois costumam trabalhar sob pressão do tempo.) A questão, aqui, é só uma: O pai de um suspeito de irresponsabilidade é mais confiável que uma testemunha ocular menos envolvida no assunto? Não? Então, de onde é que tiraram que a palavra de um senhor era a verdade e a do outro a mentira? Qual foi o critério? Qual a diferença entre esses dois seres humanos falantes e no valor do que falam? A diferença básica e mais óbvia é o poder econômico (e isso dispensa comentários).

A palavra de um rico vale mais que a de um pobre? É mais considerável, respeitável ou digna de atenção? O argumento de um pobre perde força se contraposto à qualquer fala de um rico? É óbvio que gostaríamos de responder negativamente. Contudo, a realidade nos ensina que há diferença e que é enorme. E isso acontece em todos os lugares, em todos os tempos e templos. Sim, não é diferente nas igrejas. Também nas comunidades eclesiais se verifica o peso da influência econômica no valor dos argumentos. Dinheiro vale mais que reflexão, argumento, ponderação, coisinhas tão sem valor, tão em desuso quanto o estudo da Palavra de Deus.

Uma pena.

Para concluir, uma historinha que se encontra no livro de Eclesiastes:

13Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que me pareceu grande:
14Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes tranqueiras.
15Ora, achou-se nela um sábio pobre, que livrou a cidade pela sua sabedoria; contudo ninguém se lembrou mais daquele homem pobre.
16Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força; todavia a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas.

E não é verdade?

Abraço,

Cesar

sexta-feira, 16 de março de 2012

Confusão entre santos em BH

Fiéis oram para santo trocado em hospital de BH

Por quatro décadas, pais aflitos em um hospital no Funcionários rezaram para São Tarcísio diante de uma imagem que, na verdade, era de São José. Padres dizem que preces foram ouvidas
Gustavo Werneck -
Publicação: 16/03/2012 06:00Atualização: 16/03/2012 06:39

SÃO JOSÉ - Esposo da Virgem Maria e pai de Jesus. Nas esculturas dedicadas ao santo, ele está quase sempre com o menino nos braços. Carpinteiro de profissão, São José tem o seu dia comemorado em 19 de março e é o protetor das famílias e dos artesãos. Em Minas, há muitas representações do santo, como o famoso São José de Botas, que usava, simbolicamente, o calçado durante a fuga para o Egito durante a perseguição do Rei Herodes. Na Arquidiocese de BH, há muitas igrejas e capelas dedicadas ao santo. (Euler Júnior/EM/D.A PRESS)
SÃO JOSÉ - Esposo da Virgem Maria e pai de Jesus. Nas esculturas dedicadas ao santo, ele está quase sempre com o menino nos braços. Carpinteiro de profissão, São José tem o seu dia comemorado em 19 de março e é o protetor das famílias e dos artesãos. Em Minas, há muitas representações do santo, como o famoso São José de Botas, que usava, simbolicamente, o calçado durante a fuga para o Egito durante a perseguição do Rei Herodes. Na Arquidiocese de BH, há muitas igrejas e capelas dedicadas ao santo.

A fé do povo não tem limites e vale até acender vela para um santo, pensando em outro, que o efeito é o mesmo. Portanto, quem rezou para São Tarcísio de olho em São José pode ficar tranquilo que está livre de qualquer represália teológica – é o que dizem os padres. Durante mais de quatro décadas, uma imagem branca, com 61cm de altura, esteve em destaque no antigo hospital infantil São Tarcísio, na Rua Gonçalves Dias, 1608, cujo prédio foi restaurado para se tornar o Centro de Arte Popular Cemig (CAP), novo equipamento do Circuito Cultural da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A curiosidade é que somente com as obras no edifício, os especialistas do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) descobriram que, na verdade, a escultura era de São José, padroeiro das famílias e dos artesãos, e não do protetor dos coroinhas das e crianças.

Diante do achado e posterior pesquisa iconográfica, a data de inauguração do CAP não poderia ser outra: 19 de março, segunda-feira, às 10h, “dia de São José”, afirma o diretor de Conservação e Restauração do Iepha, Renato César de Souza. Segundo ele, é procedimento de rotina que o restauro seja acompanhado de estudos para aprofundar os conhecimentos sobre o bem, não apenas contemplando as técnicas e materiais construtivos, mas também trajetória, autorias etc. “Muitas vezes, nesses momentos, pode vir à tona uma série de novas histórias e revelações à nossa memória”, diz Renato, lembrando que há outros casos em Minas com descobertas surpreendentes..

Projetado em 1928 pelo arquiteto Luiz Signorelli, responsável por outras construções na capital, o prédio em estilo eclético da Rua Gonçalves Dias teve uma série de usos, como residência, convento e hospital particular, de 1970 a 1985 e a partir de 1980, unidade do Instituto de Previdência do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) – ao longo do tempo, conforme a serventia, o imóvel sofria acréscimos e ganhava anexos. Tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal (CDPCM-BH), ele recuperou a arquitetura original, a partir do projeto aprovado pelo Iepha, responsável ainda pelo acompanhamento e fiscalização. As intervenções, que custaram R$ 7 milhões (R$ 1, 5 milhão da Cemig e o restante do governo estadual), envolveram do restauro à implementação de estrutura moderna e adequada para instalação de obras de arte. O projeto foi o último desenvolvido pela dupla de arquitetos Janete Ferreira da Costa, falecida em 2009, e Acácio Gil Borsoy. Na manhã de ontem, no ateliê do Iepha, na Praça da Liberdade, o restaurador Thiago Botelho dava os últimos retoques na imagem, que chegou ao local com resquícios de uma pintura azul.
SÃO TARCÍSIO - Nascido em Roma, viveu entre os séculos 2 e 3 e é padroeiro dos coroinhas e das crianças. Tem seu dia comemorado em 15 de agosto. Pertencia à comunidade cristã de Roma. Durante a perseguição aos cristãos, muitos deles foram presos e condenados à morte. Na véspera de numerosas execuções de mártires, o Papa Sisto II não sabia como levar a eucaristia à cadeia. Foi então que o coroinha Tarcísio, de 12 anos, se ofereceu para realizar a tarefa. No caminho, morreu apedrejado, pois levar a "hóstia", mesmo na forma de pão, era considerado ato de bruxaria.

Não há uma explicação, de acordo com os especialistas, para a troca dos santos. Uma das versões é que, como se tratava de um hospital infantil, a imagem de São José estaria de bom tamanho, pois, com o Menino Jesus nos braços, é o protetor das famílias. Mas o mais indicado seria homenagear Tarcísio, o menino romano que viveu entre os séculos 2 e 3, morou nas ruas e é muito pouco divulgado no Brasil, diz o padre Rogério Eustáquio Fernandes, titular da paróquia dedicada ao santo no Bairro Nova Cintra, na Região Oeste de BH. “Não há o menor problema de rezar para um santo pensando que é outro. É tudo bem socializado”, brinca o pároco, esclarecendo que há uma comunhão dos santos, uma unidade, então não há problemas”. O pediatra Guy Freire Jannotti, de 79 anos, um dos sócios do antigo hospital, acredita que a imagem tenha pertencido à freiras do Cenáculo, que ocuparam anteriormente o prédio. Bem humorado, ele também está convencido de que não há problema em confundir os santos.

Surpresas

Durante obras de restauração, os especialistas podem se deparar com pinturas artísticas ou estruturas arquitetônicas escondidas sob camadas de tintas e reboco. Em 2006, na última reforma no Palácio da Liberdade, em 2006, foram achadas atrás das instalações sanitárias, ao redor do elevador principal, uma base de ferro com motivos florais. Isso indicava que toda a estrutura do equipamento havia sido construída para estar exposta. Nas abóbodas da varanda central foram descobertas pinturas decorativas originais, encobertas por três camadas de tinta branca.

Saiba mais centro de arte popular

No Centro de Arte Popular, serão expostas obras de artistas populares de regiões de Minas e do Brasil. O edifício tem quatro pavimentos, com ateliês para oficinas, auditório multiuso, café, loja, biblioteca, videoteca e quatro salas de exposições de longa duração. O acervo reúne cerca de 800 peças, grande parte delas pertencente ao estado, e outras resultado de empréstimo. A exposição inaugural terá 360 peças que retratam as diferentes expressões de arte criadas pelo homem e inclui desde as manifestações dos primeiros habitantes da região, com as pinturas rupestres, até os grafismos urbanos contemporâneos. Haverá também a mostra temporária Atos de fé, da colecionadora Maria Zahle Penna, de Tiradentes, no Campo das Vertentes, que apresentará, pela primeira vez, oratórios, santos e ex-votos do séculos 17 ao 19.

sexta-feira, 9 de março de 2012

A cor do refrigerante fica bonita, mas dá câncer. Vale a pena?

Responsáveis pela fabricação da Coca-Cola e da Pepsi terão de informar no rótulo riscos à saúde nos EUA

Fonte: Jornal O TEMPO - http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=146098

Os responsáveis pela fabricação da Coca-Cola e da Pepsi terão de alterar a composição do corante caramelo dos seus refrigerantes. A decisão foi baseada na legislação da Califórnia, nos Estados Unidos, que obriga as empresas a incluir nos rótulos das bebidas com certas doses de substâncias cancerígenas essa informação.
A Coca-Cola e a Pepsi controlam cerca de 90% do mercado norte-americano de refrigerantes. As alterações na composição da Coca-Cola e da Pepsi, que começaram a ser feitas na Califórnia, vão ser ampliadas para todo o país. Mas a expectativa, segundo analistas, é que se estenda para os outros países.
Representando a empresa Coca-Cola nas negociações com a Justiça da Califórnia, Diana Garza-Ciarlante disse que a companhia determinou aos fornecedores de corante caramelo que modifiquem o processo de fabricação do produto.
O objetivo da medida, segundo a Coca-Cola, é reduzir a substância química denominada 4-metilimizadol – apontada como uma ameaça à saúde. De acordo com Garza-Ciarlante, a empresa tomou a iniciativa, apesar de acreditar que não há risco para a saúde pública que justifique a alteração na composição da Coca-Cola.
A associação norte-americana que representa a indústria das bebidas informou que a Califórnia adicionou o corante à lista de substâncias cancerígenas sem provas que associem o seu consumo ao aparecimento da doença.
AGÊNCIA BRASIL
Meu comentário: Há poucos dias, publiquei a notícia de uma tese de doutorado defendida na UFMG que deixa provado que há sim relação entre as antenas de telefonia celular instaladas em BH e o número de casos de câncer na região. Agora, vejo essa notícia e fico pensando: Se nós sacrificamos nossa saúde em prol do "bom" sinal de celular, por que não haveríamos de sacrificá-la em prol de uma cor bonita? E dizemos que somos evoluídos.

quinta-feira, 8 de março de 2012

HOJE NÃO É DIA DA MULHER

Não. Nada mais machista que um "dia da mulher". Dia do índio, dia da consciência negra, dia do diabético, dia do idoso... Os "dias" são criados para as minorias (ainda que numericamente maiores) oprimidas. Não. Mesmo não sendo mulher, eu me recuso a comemorar um dia chamado "dia da mulher". Este não é um dia feliz, uma migalha com creme recebida com contentamento. Não. É um dia triste, que lembra que ainda é preciso lutar para que as mulheres sejam respeitadas como seres humanos dignos. Sim, é "dia de luta pelos direitos da mulher". Dia triste, pois lembra que a luta ainda é necessária e, talvez, até mais urgente que antes.

Vivemos um tempo em que, apesar de todo desenvolvimento tecnológico e de todo aparato jurídico, a brutalidade impera e a violência se avoluma. Isso se percebe em todo tipo de relação interpessoal. E não deixa de acontecer, com certa dose de crueldade, nas relações entre muitos homens e suas respectivas esposas, que eles prefeririam chamar logo de escravas.

Este é dia de luto. E será dia de luto, até o dia em que não for mais necessário. E isso acontecerá quando falecer a última mulher com a cicatriz da última violência doméstica praticada sobre esta terra. Essa última cicatriz virará pó. Só então, o dia será feliz e poderá ser esquecido, apagado do calendário.

Assim vejo este dia sombrio. Eu o vivo com a esperança de que se acabe para sempre. Mas o cotidiano de nossa terra não traz bons prognósticos. E a Igreja, muitas vezes, se cala. Por quê?

segunda-feira, 5 de março de 2012

Eles não querem que você saiba: Antenas de Telefonia Celular Causam Câncer, segundo Tese de Doutorado defendida na UFMG

Tese mostra correlação entre casos de morte por câncer e localização das antenas de telefonia celular


Ana Rita Araújo


Para evitar exposição prolongada às radiações eletromagnéticas, a engenheira Adilza Condessa Dode usa celular apenas em casos de extrema necessidade. A precaução decorre de estudos que desenvolve há cerca de uma década, com o intuito de descobrir os efeitos físicos, químicos e biológicos da radiofrequência nos seres vivos. Em tese defendida na UFMG, no final de março, Adilza Dode confirma a hipótese de que há correlação entre os casos de óbito por neoplasia e a localização de antenas de telefonia celular, em Belo Horizonte.

Por meio de geoprocessamento, a pesquisadora constata que a região Centro-Sul da capital mineira possui a maior concentração de antenas e a maior taxa de incidência acumulada de mortes por câncer. A menor taxa está na região do Barreiro, que também abriga o menor número de antenas instaladas.

“A poluição causada pelas radiações eletromagnéticas é o maior problema ambiental do século 21”, afirma a engenheira, que, em sua tese, recomenda a adoção, pelo governo brasileiro, do chamado princípio da precaução, aprovado na Conferência Rio-92. Segundo tal premissa, enquanto não houver certeza científica da inexistência de riscos, o lançamento de novo produto ou tecnologia deve ser acompanhado de medidas capazes de prever e evitar possíveis danos à saúde e ao meio ambiente.

Componente da banca que avaliou a tese de Adilza Dode, o professor Álvaro Augusto Almeida de Salles, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou que a pesquisa confirma resultados de estudos realizados na Alemanha e em Israel. “Com esse trabalho, Belo Horizonte coloca-se em uma importante posição na área”, comentou.

A pesquisa


Preocupada com a quase inexistência de dados sobre os efeitos de uma tecnologia que rapidamente se popularizou, Adilza Condessa Dode defendeu, em 2003, dissertação de mestrado orientada pela professora Mônica Maria Diniz Leão, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, em que provou a existência de sobreposição de radiação em áreas onde há antenas instaladas, o que causa contaminação eletromagnética.

Para o doutorado, trabalhou com a hipótese de relação entre mortes por câncer e a proximidade residencial com antenas – estações radiobase (ERB) – de telefonia celular. Adilza Dode realizou pesquisa em bancos de dados preexistentes, cruzando informações sobre óbitos, em Belo Horizonte, de 1996 a 2006, com informações populacionais fornecidas pelo IBGE.

Entre os 22.543 casos de morte por câncer, no período de 1996 a 2006, a pesquisadora selecionou 4.924, cujos tipos – próstata, mama, pulmão, rins, fígado, por exemplo – são reconhecidos na literatura científica como relacionados à radiação eletromagnética. Para processar essas informações, ela contou com a co-orientação da professora Waleska Teixeira Caiaffa, uma das coordenadoras do Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte e do Grupo de Pesquisas em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFMG.

Na fase seguinte do estudo, Adilza Dode elaborou uma metodologia inédita, utilizando o geoprocessamento da cidade, para descobrir a que distância das antenas moravam as 4.924 pessoas que morreram no período. “A até 500 metros de distância das antenas, encontrei 81,37% dos casos de óbitos por neoplasias”, conta a pesquisadora, professora do Centro Universitário Izabela Hendrix e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

Ela comenta que, nos últimos anos, houve crescimento de casos de câncer de encéfalo no país, como atestam dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), e aumento no uso da telefonia celular. “Não posso afirmar que esta é a causa dos óbitos; mas qual é o fator novo nesse período? O fator ambiental que veio a público é a telefonia celular, não há outro”, analisa. Segundo ela, a literatura científica sugere a quem tem câncer e faz quimioterapia que evite exposição a campos eletromagnéticos.

Níveis seguros?


Há níveis seguros de radiação para a saúde humana? “Esse é exatamente o problema: até agora, ninguém sabe quais os limites de uso inócuos à saúde”, explica Adilza Dode, ao destacar que os padrões permitidos no Brasil são os mesmos adotados pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiações Não Ionizantes (Icnirp), normatizados em legislação federal de maio de 2009. Para a pesquisadora, esses padrões são inadequados. “Eles foram redigidos com o olhar da tecnologia, da eficiência e da redução de custos, e não com base em estudos epidemiológicos”, assegura.

Segundo o professor Álvaro Augusto Almeida de Salles, da UFRGS, também não existem pesquisas epidemiológicas que demonstrem os efeitos das ondas emitidas por equipamentos de wireless, wi-fi e bluetooth, que irradiam em níveis mais baixos, mas contínuos. “Somos cobaias de tecnologias que ainda não se mostraram inócuas”, sentencia.

Adilza Dode informa que os campos eletromagnéticos interferem, também, em equipamentos biomédicos. “Por isso, é necessário desligar o celular ao entrar em hospitais, e não se deve, de forma alguma, instalar ERB em área hospitalar”, adverte, ao lembrar que mesmo as pessoas que não usam celular recebem radiação emitida, de forma contínua, pelas antenas.
Ela informa que países como Suíça, Itália, Rússia e China adotaram padrões bem mais baixos que os permitidos pela Icnirp. E no Brasil, o município de Porto Alegre editou lei que define níveis de emissões de radiações similares aos da Suíça.

Em sua tese, Adilza citou diversos estudos internacionais que procuram compreender os efeitos dos campos eletromagnéticos. Um deles, o projeto Reflex, financiado pela União Europeia, realizado em 2004 por 12 laboratórios especializados em sete países, afirma que a radiação eletromagnética emitida por telefones celulares pode afetar células humanas e causar danos ao DNA, ao alterar a função de certos genes, ativando-os ou desativando-os. Outro estudo, realizado em Naila (Alemanha), constatou a incidência três vezes maior de câncer em pessoas que viveram em um raio de até 400 metros das antenas de telefonia celular.

Em Netanya, em Israel, outro estudo mostrou o aumento de 4,15 vezes na incidência de câncer para os moradores que residiam dentro de um raio de até 350 metros das antenas de telefonia celular. Há, ainda, pesquisas que apontam riscos maiores para crianças, devido às especificidades de seu organismo. “A penetração das radiações eletromagnéticas no cérebro das crianças é muito maior que no dos adultos”, destaca Adilza Dode, que já se prepara para começar nova etapa de estudos. Seu objetivo agora é medir os níveis de exposição humana às radiações eletromagnéticas nas residências das pessoas diagnosticadas com câncer.

Recomendações


“Não somos contra a telefonia celular, mas queremos que o Brasil adote o princípio da precaução, até que novas descobertas científicas sejam reconhecidas como critério para estabelecer ou modificar padrões de exposição humana à radiação não ionizante”, diz a pesquisadora
Em um capítulo de sua tese, ela lista uma série de recomendações. Entre elas, a de que o Brasil adote os limites já seguidos por países como a Suíça. Sugere, ainda, que o governo não permita transmissão de sinal de tecnologias sem fio para creches, escolas, casas de repouso, residências e hospitais; crie infraestrutura para medir e monitorar os campos eletromagnéticos provenientes das estações de telecomunicação e desestimule ou proíba o uso de celulares por crianças e pré-adolescentes.

Às indústrias, a tese recomenda a produção de telefones celulares com radiação no sentido oposto à cabeça do usuário, o investimento em pesquisa para descobrir limites seguros e a redução dos níveis de radiação emitidos pelas antenas. Aos usuários, Adilza sugere que não andem com celulares junto ao corpo; adotem a prática de envio de mensagens, evitando, ao máximo, sua proximidade ao ouvido; e afastem-se de outras pessoas ao recorrer ao aparelho. A autora aconselha, ainda, que cada prédio tenha área reservada para uso de celular, e que os moradores não aceitem a instalação de antenas. “Há uma crença segundo a qual o prédio onde se encontra uma antena de celular não recebe radiação. Isso foi desmentido por pesquisas recentes”, adverte a pesquisadora.

Tese: Mortalidade por neoplasias e telefonia celular em Belo Horizonte, Minas Gerais
Autora: Adilza Condessa Dode
Defesa: 26 de março de 2010,
junto ao Programa de Doutorado
em Saneamento, Meio Ambiente,
e Recursos Hídricos (Desa)
Orientadora: Mônica Maria Diniz Leão, professora do Departamento
de Engenharia Sanitária e Ambiental,
da Escola de Engenharia da UFMG
Co-orientadora: Waleska Teixeira Caiaffa, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade
de Medicina da UFMG
Leia mais no site
www.mreengenharia.com.br




Meu comentário: Ironicamente, a reitoria da UFMG, há alguns anos, permitiu a instalação de uma baita antena dentro do próprio Campus. É uma antena disfarçada de pinheiro gigante. Coisa ridícula essa nossa sociedade que pensa no conforto e no lucro em primeiro lugar o tempo todo. Aliás, se a Igreja se manifesta sobre o assassinato dos humanos ainda não nascidos, isto é, sobre o aborto, não deveria se interessar também pelos assassinatos causados pela omissão comunitária em prol do "bom" sinal do celular?


sábado, 3 de março de 2012

Milton Schwantes está morto

Ele morreu no dia 1 de março. Decerto, muitos de meus leitores não gostam (ou não gostariam, se conhecessem) do trabalho do professor Schwantes. Eu mesmo, há pouco, discordei pontualmente de uma de suas leituras. Mas não há como negar que o volume da produção do pastor (IECLB) e professor (docente na UMESP, graduado pela EST e doutorado pela Universidade de Heidelberg) Milton Schwantes impressiona. Cá e acolá, da parte de católicos e evangélicos, no Brasil e no exterior, o que se lê é que morreu um dos maiores biblistas brasileiros. E pena que morreu ainda novo.

Nestes dias, então, o Brasil perdeu um grande lider da Igreja Anglicana, Robinson Cavalcanti, assassinado por um filho adotivo no Recife, e um grande biblista e pastor luterano, vencido por uma enfermidade.

Que Deus console as famílias de ambos e cuide para que suas ovelhas continuem bem pastoreadas.

O currículo do professor Milton Schwantes, que, apesar de impressionante, não reflete totalmente sua importância na vida de muitas pessoas, é o que se encontra neste link: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4795812D5

Abraço,

Cesar