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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cada pastor é um teólogo? Cada teólogo, um pastor?

 Detalhe da St Edward's Church, Cambridge, Inglaterra

Em sentido amplo, de teólogo e louco todo cristão tem um pouco. Assim, seria verdade dizer que cada pastor, como cristão, é um pouco teólogo também. No entanto, falando sério e em sentido estrito, eu diria que nem todo pastor é (e nem precisa ser) teólogo. Estou dizendo que acho desnecessário que os pastores estudem em cursos de teologia? De maneira alguma! Pelo contrário, defendo que estudem e muito, até mais do que estudam hoje. Mas não considero teólogo todo aquele que se forma em teologia. Como, analogamente, não se deve considerar filósofo todo aquele que se forma em filosofia.

Todo pastor deve estudar teologia para ter um conhecimento mais profundo de sua fé e ensino, bem como para ter acesso a instrumentos que o habilitarão a ler melhor e explicar, verificar e dialogar sobre questões importantes no cotidiano de uma Comunidade de Fé. Isso não faz dele um teólogo. Um teólogo é alguém capaz de formular um pensamento teológico independente e, ao mesmo tempo, profundamente embasado e em diálogo com uma ou várias tradições teológicas. Um pastor precisa saber acessar comentários bíblicos, dicionários e manuais de teologia. Um teólogo precisa saber pensar teologicamente e elaborar, em forma de texto, pensamentos minimamente sistematizados e dotados de contribuição pessoal.

Nem todo pastor precisa ser um teólogo, mas é bom que goste e conheça bastante de teologia (se possível, que tenha diploma de graduação nessa área do conhecimento). Por outro lado, simetricamente, nem todo teólogo precisa ou deve ser pastor. A função pastoral exige habilidades e características pessoais que extrapolam o conhecimento e o fazer teológico. Qualquer cristão que observe com cuidado os afazeres de um pastor ou padre é capaz de perceber esse fato. Por isso, não me detenho em demonstrá-lo.

Há muitos bons pastores. Há muitos bons teólogos. Mas há poucos bons pastores que também são bons teólogos. Lutero foi um desses, segundo penso. Ele sabia pensar teologicamente (sua erudição e capacidade de articulação de textos e ideias é impressionante), mas também sabia atentar para a simplicidade das crianças e das pessoas mais humildes, de modo a comunicar o Evangelho de maneira compatível com todos. Lutero era um pastor porque sabia alimentar e cuidar de suas ovelhas. Lutero era um teólogo porque sabia ver em detalhes e dialogar de modo profundo e refletido a respeito do alimento que oferecia. (Olha aí uma analogia inesperada: O pastor está para o cozinheiro como o teólogo está para o nutricionista ou engenheiro de alimentos!)

Quase me detenho no Martinho, mas falta uma observação para fechar o texto. Bons teólogos que não têm jeito pra pastores (mas que insistem em sê-lo) acabam não conseguindo cumprir bem e com prazer a função pastoral. Muitas vezes, eles até têm ovelhas, mas são aqueles pastores do cristianismo cult, que mais parecem artistas alternativos do que pregadores, e que não alcançam ou almejam alcançar os objetivos verdadeiros da Igreja. Ou são aqueles intelectuais carrancudos que não querem sair do escritório por nada. Já os bons pastores que não têm jeito para teólogos (mas que insistem em expressar publicamente seu próprio pensamento pseudo-teológico, ou pré-teológico) acabam divulgando ideias da carochinha como se fossem verdades bem pensadas.

O que proponho: Que a distinção seja divulgada, para que as vocações não sejam confundidas. Que valorizemos todo serviço que se presta à Igreja. Que saibamos colocar o pé no freio quando percebemos que estamos invadindo áreas em que não nos movimentamos com muita agilidade.

Um abraço em especial a pastores, teólogos e pastores-teólogos,

Cesar, que não é nem uma coisa nem outra, mas que não resiste e acaba falando de tudo isso.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mínima reflexão sobre a vocação pastoral

 Púlpito da Igreja de São Botolfo, Cambridge

Eis um problema! Mudar o rumo da vida para dedicar-se ao ministério pastoral? Não são poucos os que passam por essa questão e têm que dizer "sim" ou "não". Palavras pequeninas, mas que podem transformar tanta coisa. Martinho Lutero decidiu ser monje no meio de uma tempestade. Fez um voto: "Se eu não morrer aqui, eu vou pro mosteiro!" (Isso quando ele já tinha estudado bastante coisa das disciplinas seculares de seu tempo.) Um exemplo diferente é o de Don Zeno, sacerdote católico italiano nascido em 1900. Ele relutou durante muito tempo. Um bispo o convidava a tornar-se padre. Um dia, ele vai ao bispo e pede: "Não tenho certeza se é o que devo fazer. Decida para mim! Dá-me uma resposta." O bispo disse que a resposta deveria vir de dentro dele. Convidou-o a passar uns dias no seminário e, chegando lá, disse: "Você tem oito dias para se decidir! Vou querer saber se é sim ou não." Don Zeno pensou, rezou, ameaçou um Cristo quebrado que estava em seu quarto ("Diga-me agora, ou te jogo pela janela!"). Nada. Nenhuma segurança. Na última noite do prazo, ele sai do seminário e, na andança, acaba adormecido em um celeiro alheio. Um menino o desperta com uma ferramenta a ameaçá-lo e perguntando: "Você é ladrão?" Zeno responde sem pensar: "Não, eu sou padre!" A decisão estava tomada. No fim das contas, se considerarmos que o voto de Lutero no meio da tempestade pode ter sido precedido por muitos não relatados momentos de dúvida e reflexão, podemos até supor que essas duas experiências sejam semelhantes. O curioso é que só sabemos delas porque a resposta foi afirmativa.

Pois bem, na igreja de que faço parte, enfatiza-se o "chamado exterior", em detrimento do "chamado interior". Explico: os grupos que creem e valorizam o chamado interior esperam que o vocacionado tenha algum tipo de experiência profunda (íntima e até inefável) que o motive a dispor-se ao ministério pastoral. O problema dessa expectativa é que muitos jovens (e senhores) que seriam ótimos pastores (ou padres) ficam à espera da tal experiência sem saber bem o que seria. Esperam, esperam sem saber o que esperam (porque todos dizem: "não dá pra explicar", ou "escutei uma voz, mas não havia voz") e nada. Outros, que não têm nenhuma aptidão para a função, podem sentir alguma coisa confundivel com o tal chamado interior e vão animados ser o que não têm jeito pra ser. O chamado exterior, por sua vez, é feito pela igreja. Um líder (pastor, padre, líder leigo, o que for) convida a pessoa a se preparar. O convite pode ser específico, diretamente feito a alguém. Mas pode também ser geral. No caso da minha igreja, atualmente, faltam candidatos ao ministério, por isso, há cartazes e panfletos convidando (é claro que depois tem uma prova a ser feita e um curso de seis anos).

Bem, um problema adicional é uma certa centralização dos serviços da Igreja na figura do pastor. Algumas pessoas sentem grande vontade de servir a Deus. Elas até têm habilidades valorosas, que podem ser bem aplicadas em um ou outro serviço específico no cotidiano de uma comunidade de fé. Seriam ótimos professores, ou missionários, ou conselheiros, ou diáconos etc. Mas acabam buscando o ministério pastoral, embora não reúnam todas as características solicitadas por essa função. Um dos motivos disso talvez seja o fato de que o pastor é o único que pode se dedicar em tempo integral à Igreja, por receber salário para tanto. Outro motivo pode ser o imaginário criado entre os fiéis de que o pastor está em posição hierarquicamente superior, ou que detém um saber exclusivo.

Na minha humilde e leiga opinião, imagino que é preciso que as diretorias das comunidades (e confesso que gosto que o presidente da comunidade não seja pastor) procurem alternativas para se facilitar a integração das diversas pessoas (com suas diversas habilidades) nos diversos serviços benéficos à ação da Igreja. Isto é, as comunidades devem ter uma dinâmica que favoreça a colaboração, que encaminhe as pessoas a pequenas mas importantes e úteis atividades, e não que centralize e gere dificuldades para quem quer servir. Assim, não aconteceria o que tem acontecido: Igrejas com poucos membros (o grupinho atuante) fazendo muitas coisas, e muitos membros (os espectadores) não fazendo nada. Não se deve pensar em competição com o ofício do pastor, não é nada disso. Ao contrário, o pastor pode ser favorecido por uma mudança como essa, pois terá mais tempo e recursos para realizar o trabalho que de fato lhe cabe. Como fazê-lo? Questões a se pensar. Mas com urgência. Segundo penso, disso (dessa mudança de organização) depende a vida e a pertinência de nossas comunidades.

Um abraço,

Cesar

P.S.: Há também outro problema de que não quis tratar e que pode afetar a resposta ao chamado: a vergonha de ser "pastor", em um país em que qualquer um pode ser assim chamado, ainda que nada saiba e diga qualquer asneira.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O pequeno moçambicano



No travesseiro, minha cabeça repousa enquanto a alma não tem pouso. Agita-se dentro, em algum lugar que não sei bem onde, se no peito, no cérebro, nos pés ou em outro esconderijo qualquer. Aquieta-a a Graça, que me lembra das misericórdias do dia que virá. Aquieta-me dizendo-se suficiente. E eu creio. Mas logo aparece aqui do lado um pequeno moçambicano de olhar fundo de fome. Olha-me triste como querendo chorar, mas sem ter lágrimas só fica parado e insiste no silêncio. Não tem lágrimas, pois não tem nada além da carência que o acompanha desde o ventre materno. Estende a mão e eu a pego. Anda uns poucos passos vacilantes com o olhar fixo em mim. Assim mesmo, olhando pra cima. Logo, senta-se sem forças. Encontra palavras que escuto sem sotaque: “Você procura cidades bonitas e paisagens agradáveis de se ver, mas nunca pensou nesta terra seca que logo receberá minha carne pouca, nem nessas pedras duras que são meu travesseiro.” Solto sua mão e abro os olhos. Estou com a cabeça de novo no meu travesseiro. Mas o pequeno moçambicano ainda está lá, e cada vez mais fraco. Alguém se aproxima sem pedir licença. Pega o menino no colo e o embala, como se o pobre merecesse ser ninado ao menos na última vez que adormecesse. Cantarola uma melodia bem baixinho. Mas eu consigo escutar e lembro da letra que uma vez ou outra ouvi:

Morri, morri na cruz por ti
que fazes tu por mim?

Choro.

Cesar M. R.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Silly Love Songs" / o amor romântico como atitude política

Diz o Affonsinho, um músico bacana aqui de Minas, que criticaram o Paul McCartney dizendo que ele era o caretão que só escrevia canções bobinhas de amor, enquanto o John era o engajado doidão, que se enveredava pelas urgentes questões políticas. A resposta foi "Silly Love Songs", mais uma canção bobinha de amor! Demais!

Mais de três décadas depois, eu escuto essa música e me inteiro do contexto. Não deu outra! Assustei-me ao reparar que essas coisinhas bobas que chamamos de detalhes do amor romântico (cafona, brega, careta etc) já podem ser consideradas quase como marcas de um posicionamento político. Dedicar-se a uma só pessoa, amar e ser amado, ter tempo para conversar e resolver as pendências, falar baixinho mesmo achando que o outro já devia ter entendido, sorrir apesar do cansaço, fazer carinho só pra sentir a pele da pessoa amada participando da sua, ir buscar a água quando não se tem sede... Tudo isso é um posicionamento político verazmente intenso, pois, mesmo parecendo idiota, dá o tom de uma proposta para toda a sociedade. O amor (e não estou falando só do amor ao próximo em geral ou como virtude cristã, mas da caretice mesmo, daquele amor que faz alguém dizer "mô" ou "amorzinho" pra chamar o ser humano que está sentado ao lado no sofá) é a expressão de uma crença e proposta de constituição de algo maior.

Enfim, a música do Paul é melhor que minha reflexão desordenada:


You'd think that people would have had enough of silly love songs.
But I look around me and I see it isn't so.
Some people wanna fill the world with silly love songs.
And what's wrong with that?
I'd like to know, 'cause here I go again
I love you, I love you,
I love you, I love you,
I can't explain the feeling's plain to me, say can't you see?
Ah, she gave me more, she gave it all to me
Now can't you see,
What's wrong with that
I need to know, 'cause here I go again
I love you, I love you

Love doesn't come in a minute,
sometimes it doesn't come at all
I only know that when I'm in it
It isn't silly, no, it isn't silly,
love isn't silly at all.

How can I tell you about my loved one?
How can I tell you about my loved one?

How can I tell you about my loved one?
(I love you)
How can I tell you about my loved one?
(I love you)


P.S.: O Affonsinho comentou sobre isso porque fez uma música chamada Silly Love Sambas, que é muito boa também. Depois comento.

A mensagem de um playboy e a pertinência dos manifestos evangélicos anti-evangélicos (série opiniões avulsas)

 
A coisa tá feia! Virou bagunça geral, ou será que ninguém percebeu? Só eu? Não. Todo mundo que quer ver vê. Li alguns manifestos escritos por evangélicos contra a atual situação das "igrejas evangélicas" no Brasil. Será preciso mesmo isso? Eu achava que não. Até pensava que essas igrejas mais problemáticas nem igrejas de verdade são. Sabe, essas que mais parecem grandes varejistas disputando os mesmos clientes. Mas depois da terça-feira fiquei meio estarrecido. Em uma igreja que ainda leva o nome de Batista (eu não sou, mas respeito muito pela história) não deveria se escutar o que escutei (pela tv, claro!). Talvez seja preciso mesmo que se escrevam esses manifestos... Vou contar o que me convida a repensar a questão.

O playboy Ávido por Veneração começou lendo Gn 1:1. Era um sermão? Achei que sim. Mas a falta de preparação e de conexões lógicas me levaram depois a pensar que se tratava de uma performance artística ou algo mais psicodélico. Lá vai ele. Eu não vou reproduzir todas as profundas lições de moral e vida que ele espremeu dos poucos versos que leu, mandando uma pessoa dizer para a outra e interpretando como ator mexicano com vozes e caras no palco (entre seus ensinamentos figuram coisas como: "Tem que bater nos filhos. Quem manda é o papai, porque a casa é do papai, o carro é do papai, a comida é do papai! Filho não tem que ter opinião. Na casa de meu pai era assim!" - E olha o resultado! - Outro exemplo de ensinamento profundo: "No filme [O curioso caso de Benjamin Button] a melhor parte é o Brad Pitt bonitão" Hum... Ninguém riu da piada. Era piada?). Era de dar medo. Bisonho!

A proposta se encaminhou para a seguinte leitura (devaneio!): A terra era sem forma e Deus disse pra haver luz. Deus não ficou comentando: "Ah, a terra tá feia". Ele Disse: Haja luz! Da mesma forma, você não deve reclamar, mas declarar a vitória, porque Ele quer que sejamos como Ele. A Bíblia diz: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida de Deus!" (Isso mesmo, ele mudou o versículo!!!!!) Depois percebeu e voltou: "a vida eterna! Mas a vida eterna é a vida de Deus!". É bisonho ou não é?

Foi mal, não gosto desse tipo de crítica, mas esse pessoal apela. Uma falta de cuidado, uma aberração como esta, não deveria acontecer numa igreja que estampa o nome de uma denominação que nasceu no século XVII. É um verdadeiro Pantanozinho envolto por um lodo de vaidades mal cheirosas! E por que as pessoas não se levantam e vão embora? Já ouviu falar em analfabetismo funcional? Pois é. Começo a achar que vale também para a recepção de um discurso falado. As pessoas não estabelecem as conexões, não percebem os vazios, os saltos, as piruetas lógicas que esses pop-pastores fazem! E, além disso, estão tão embevecidos com as celebridades-gospel que vivem naquele habitat aquático que não prestam atenção nos seus discursos, essas coisinhas sem importância. Afinal, o que importa é a tal da bênção, da unção, do mover... (E, nessa onda, eles movem seus intelectos pro quartinho dos fundos, das tralhas sem utilidade) Daí, numa desconexão bem conectada, lembro-me de que, também nesta semana, a presidenta anunciou a criação de quatro novas universidades federais. Coisa boa! O problema é perceber que para a criação de QUATRO novas universidades se gasta o mesmo dinheiro usado para a reforma de UM estádio para a Copa do Mundo de 2014 (seissentos e poucos milhões de reais!). E o povo gosta da Copa, porque o povo gosta de circo, não de livro.

Mas voltemos ao circo de que falávamos. A plateia não atenta para o discurso, mas entende o que o Artista Venerado propõe no fim de sua apresentação: "Você vai dizer que vai ter dinheiro! Você vai trazer seus dízimos e ofertas sem reclamar da situação financeira, mas declarando que vai dar tudo certo! Vai declarar e eu creio que vai vencer!" Como que se chama isso mesmo na linguagem policial?

Pois é, por isso, devo publicar alguns (alguns trechos?) desses manifestos que ando encontrando por aí, mesmo sem concordar com nenhum deles na íntegra, só para pensar uma possível saída para o dilema que vivem algumas igrejas chamadas "evangélicas" (o termo, no Brasil, se refere a tudo que é ajuntamento de cristãos que não esteja relacionado institucionalmente à Igreja Católica Apostólica Romana ou às igrejas orientais). É claro que podem aparecer aqueles que dizem: "Você deveria pregar o Evangelho em vez de criticar essa igreja que é uma bênção!" A esses eu adianto: Desmascarar aqueles que pregam um falso evangelho pode ser muito útil para ajudar aqueles que pregam o verdadeiro. (Não que eu tenha pretensão de desmascarar ninguém. Até porque são muitas as máscaras e as artimanhas.)

Deus nos livre de afundar nesse charco de lodo! E, se alguém aí gosta do Avultado Varão de que falo, sinto muito. Não quis falar mal de uma pessoa, mas de um discurso medonho, bizarro e perigoso, que procede ou da inocência vacilante e desinformada, ou da malícia astuta, característica dos mercadores da fé.

Cesar

P.S.: A lagoa continua suja. Dizem que vão melhorá-la, mas não tem como. Tem esgoto demais. Tô falando da Pampulha, viu?
P.S.': Apesar de aparecerem entre aspas, as falas do rapaz foram ditadas pela minha memória. O conteúdo era esse mesmo, mas alguns termos podem ter sido trocados. Agora, a parte do versículo está letra por letra como ele disse!
P.S.'': Essa bagunça não deve nos desanimar. A beleza do simples Evangelho não deve ser ofuscada por essa sujeira que nos ameaça. Quando tudo parecer obscurecido por núvens de avareza e contenda, voltemos nossa face a Cristo e a seu convite cheio de Graça. Despindo-nos de toda essa vaidade e mediocre manipulação das massas, sigamos em passos constantes os conselhos do grande Mestre, o amigo que não vai nos abandonar jamais.

Uma nota sobre a postagem "Direito à Tradição"

Só gostaria de deixar uma coisa esclarecida: o título da postagem é "direito à tradição" e não "dever de tradição". A diferença é enorme. Não quis dizer que todos os cristãos devem exercer sua fé em igrejas que valorizam intensamente os detalhes das tradições cristãs. Meu objetivo é mais brando. Só quero que se respeite a opção pelo cultivo da tradição, que se contemple esta opção com um pouco menos de preconceito. 

No mais, fico com o conselho de Paulo: "Exercita-te a ti mesmo na devoção religiosa" (1Tm 4:7)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Panquecas e Fim de Tarde no Portão: Sugestão de comida boa e música de primeira para o dia dos pais


Depois de um texto sério, nada melhor que boa mesa e boa música para aliviar as tensões. Direto ao assunto?

Panquecas com recheio de atujão (atum com requeijão) - Para 4 Pessoas


Massa: Bata no liquidificador duas xícaras de farinha de trigo, duas xícaras de leite, dois ovos, duas colheres de azeite, uma pitada de sal. Prepare uma concha da massa por vez em uma frigideira antiaderente untada com azeite.

Recheio: Misture 220gr de requeijão cremoso com duas batatas bem amassadas, salsinha a gosto e uma lata de atum sólido, além de um fio de azeite.

Enrole as panquecas com o recheio e coloque-as em um refratário. Cubra com molho de tomate e uma tira de muçarela sobre cada uma. Leve ao forno para gratinar. Já? Já! Diz lá: "Pai, tá pronto!"

Fica bem gostoso! Fiz há pouco tempo e meu pai também aprovou!

E a música? Ah, é hora de lembrar de uma historinha que Jesus contou. Uma historinha que, na verdade, pode ser um soco no estômago de nosso ego meritocrático que se recusa a aceitar a realidade da Graça. E esse tal Stênio Marcius me convenceu de que é possível fazer boa música cristã com cara brasileira. Confira "Fim de Tarde no Portão". A letra vai embaixo pra facilitar a compreensão.


Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento
Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido
O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares
Apagar a estrela antares
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde se debruça no portão
Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido
Tragam roupas e o anel
Calçem logo os seus pés, milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe
O seu amor é tão forte.....
Fim de tarde está deserto o portão

P.S.: Parabéns a todos os pais que, no cumprimento correto de sua função, facilitam a compreensão de Deus como um Pai bom, carinhoso, gracioso e cheio de amor.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Direito à Tradição: breve confissão de minha opinião sobre as tentativas de se negar a validade das tradições e instituições cristãs (uma atitude promovida por cristãos que propõem um pretenso retorno aos primórdios puros da fé), na qual apresento minha concepção da tradição como "revelação humana da verdade divina", que deve existir a partir e em benefício da "revelação divina da verdade humana", que se convencionou chamar de Bíblia (série opiniões avulsas)

 Uma fonte no Regent's Park, Londres

[Se você entendeu o título, talvez nem precise ler o texto]

Tenho lido certos textos que me deixam um pouco triste. Cristãos com boas intenções tentam desconstruir a possibilidade de se encontrar valor nas tradições e instituições cristãs. Eles costumam relacionar tudo que é religião com o farisaísmo dos tempos de Jesus. Entendo que o acesso que eles têm ao contexto histórico dos dias de Jesus é limitado. Não perceberão, então, que a relação de Jesus com os fariseus não é tão simples quanto parece. Não há exclusão pura. Mas isso não é assunto para um texto como este. Por isso, vou direto ao ponto. Essas pessoas só são capazes de estabelecer a seguinte conexão: "Jesus não gostava do farisaísmo. O farisaísmo representava a religião institucionalizada. Logo, Jesus não gosta de religião." O erro permeia todo o caminho dessa lógica. Pois bem, eles perguntam "Quem são os fariseus de hoje?" querendo apontar o dedo aos religiosos. Mas a pergunta e a resposta podem estar erradas. Preocupo-me, e gostaria simplesmente de manifestar as seguintes opiniões:
 
1. A tradição é algo inevitável. Mesmo quem quer negar a tradição escolhe uma tradição. Isso fica claro nas ideias que um a-tradicional acolhe, no modo de culto que realiza, nas referências que faz a um ou outro líder, na linguagem que usa etc.
 
2. As instituições e tradições cristãs não são necessariamente ruins.
 
3. As tradições cristãs compõem a "revelação humana da verdade divina". Isto é, cada tradição cristã diferente (as orientais, inclusive) contribui para revelar, na existência histórica da humanidade, uma forma de recepção da (e resposta à) verdade divina. Por isso, cada tradição tem a sua importância para que se compreenda como os cristãos reais, seres humanos de diferentes épocas, exerceram a sua fé e responderam àquilo que é anunciado na Bíblia, "revelação divina da verdade humana". Esta expressão também precisa ser explicada: a Bíblia é um meio que o Eterno encontrou para revelar (ou seja, é uma revelação divina) a verdade a respeito do ser-humano: sua criação, queda e meio de redenção.
 
4. Portanto, as tradições devem ser respeitadas e valorizadas, pois elas nos ajudam a progredir na compreensão comunitária da Verdade. Elas nos ajudam a vivermos a katholicidade (termo que preciso rasurar - a explicação eu dou em outra oportunidade) da Igreja em uma perspectiva de longo prazo. Elas tiram nossa centralidade do "eu", favorecendo uma compreensão mais holística da Revelação. [Em minha comunidade, por exemplo, utilizamos uma liturgia antiga. Partes dela são encontradas já em Pais da Igreja do século IV. Quando as canto, lembro-me que Basílio e Gregório de Nazianzo já as cantavam. Lembro que são palavras que atravessaram séculos e que, em idiomas diferentes e por bocas diferentes, foram usadas para expressar a devoção à Santíssima Trindade.]
 
5. Sem dúvida, as tradições não devem receber o mesmo valor da Bíblia. Quando discutimos algum assunto e alguém diz "Mas isso não muda porque é tradição", eu me inquieto. Tradição é algo feito de mudanças. E as mudanças nas tradições cristãs devem ser realizadas sem medo quando tiverem que ser feitas a partir e em benefício do testemunho bíblico. Por isso, a "revelação humana da verdade divina" precisa ser a partir da e ajustar-se constantemente à "revelação divina da verdade humana". Mas isso não ocorre uniformemente em todos os lugares e tempos. As percepções seguem padrões diversos.
 
6. As tradições devem ser valorizadas na medida em que apontam para a solenidade e sacralidade do culto a Deus. Mas devem ser questionadas, em um processo de mudança dentro da própria tradição, quando afastam o ser humano de seu contato com esse mesmo verdadeiro Deus, quando impõem o legalismo humano e a vaidade da aparência de santidade. Mas isso nem sempre acontece.
 
7. As pessoas criticam as instituições e logo criam as suas. Evitam alguns elementos, como templos construídos e placas. Mas só conseguem dificultar a funcionalidade da vida comunitária.
 
8. As tradições favorecem a formação de líderes competentes. Ao menos em princípio, uma tradição gera instituições que mantêm meios de formação de líderes para sua manutenção. Isso favorece o crescimento do conhecimento no meio cristão e a capacidade do diálogo entre diferentes igrejas (enquanto instituições visíveis que devem estar a serviço da Igreja de Cristo, invisível, santa e kathólica - novamente a necessária rasura).
 
9. A coexistência de diferentes tradições cristãs favorece o respeito, a humildade e o foco. O respeito: porque nos obriga a conviver com as diferenças. A humildade: porque nos mostra que nosso modo não é o único e não necessariamente o correto em tudo. O foco: porque nos lembra do que é a base comum e mais importante da nossa fé - o Evangelho de Jesus Cristo.
 
9. Se o Evangelho, em algum momento, se viu oculto por um emaranhado confuso de tradições (algumas alheias e contrárias à Bíblia), é verdade também que, nos últimos tempos, ele tem estado oculto por uma confusão que pode ter sido posta em movimento por uma total falta de tradição e noção histórica. Tanto que, hoje, é bem possível dizer que é preciso evangelizar os evangélicos.
 
10. Muitas vezes, quem quer negar as tradições diz que já esteve ligado a uma igreja mas que nunca havia percebido a Verdade do Evangelho da Graça. Então, começam a escrever um monte de frases bonitas sobre a Graça como se estivessem descobrindo a América no século XXI. Isso fazem justamente porque nunca deram atenção à tradição. Não perceberam que a mesma mensagem já foi esclarecida por Lutero, por exemplo, de modo inclusive muito mais claro, embasado e elaborado.
 
Bem, há mais coisa a dizer, mas fico por aqui. Sei que poucos lerão isto. Destes, alguns não o entenderão. Dos outros, que o compreenderão, muitos não concordarão. Por milagre, talvez alguém leia, entenda e concorde. Mas uma coisa é certa, mesmo discordando você me corrobora, pois discordar já é tradição no cristianismo há muito tempo.
 
Um abraço,
 
Cesar M. R. (Não preso a uma instituição, mas servo-colaborador em uma. Não escravo da tradição, mas inevitavelmente parte dela. Pela Graça de Jesus, livre para servir em comunidade.)

P.S. Por favor, se você não entendeu, não critique; Leia de novo. Se não concorda, esteja à vontade para comentar. Se quiser mencionar alguma expressão ou trecho noutro lugar, mencione o blog e o autor.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A dimensão profética da poética do Fruto Sagrado

Esse provavelmente é o título imaginário de um projeto de pesquisa que nunca realizarei. Um projeto que daria muito gosto fazer, mas que não encontra espaço na minha agenda. Enfim, deixe-me comentar um pouco sobre a ideia.

As letras do Fruto têm algo que me lembra os profetas do Antigo Testamento. Há nelas uma despudorada coragem de meter o dedo na ferida, apontar as fraudes, reclamar justiça. Suas mensagens, como as dos profetas, não são elaboradas com o intuito de agradar aos nobres deste mundo. Pelo contrário, escancaram sua participação na desgraça alheia. Também não visam afagar a cabeça do povo. Trazem notícias ruins, de tempos difíceis, mas sem perder a direção da esperança.

A dimensão profética da poética do Fruto Sagrado está no conteúdo de suas letras, no engajamento de sua atitude, no modo de enunciação - urgente e sagaz. Ela se revela não por autoaclamação, mas por semelhança com os profetas vetero-testamentários.

Ironicamente, aqueles que se dizem profetas hoje apresentam um discurso muito diferente do que lemos na tradição profética. Falam de demônios, de exu não sei das quantas, de principados territoriais, de bênçãos particulares e vitórias materiais específicas de um ou de outro. Nada disso encontro nos Profetas quando leio as Escrituras. Suspeito que o profético pode não estar na "adoração profética", no "ato profético" ou nos "profetas" da tv. Nesses, só o significante aparece na superfície da língua. Mas o significado habita lugares inesperados. O profético, essa tensão de proximidade com o divino que transborda em um discurso a partir de um montinho de poeira (o ser humano), pode emergir em forma de música na ousada escrita do Fruto Sagrado.

E a importância de se atentar para a semelhança entre as letras do Fruto com o projeto dos Profetas reside no fato de que ela revela, além da urgência de uma atuação transformadora da Igreja no contexto presente, a distância que há entre os pretensos discursos "proféticos" de nosso tempo e a verdadeira profecia.

Hoje, o apelo ao individualismo e às vaidades pessoais transformou a tradição profética e a trouxe cativa para o âmbito de nossas mediocridades cotidianas. "Deus cumpriu sua promessa" - diz o adesivo no vidro do carrinho, sugerindo que aquele veículo tinha sido prometido pelo Eterno. E muitos se agradam com esses joguinhos "proféticos" e essas suaves manipulações com a palavra alheia. Mas se esquecem que a Palavra Alheia da profecia tem dono. E o Dono pode não gostar desse circo que montaram.

Quer dizer que não creio na atualidade do profético? Pelo contrário. Creio plenamente. Mas suspeito que o verdadeiro profético está onde a maioria não gosta de procurar. Porque o profético incomoda. O profético não massageia o ego (como se faz em muitas igrejas que se acham cheias de "profecias" e "revelações"), mas desperta o espírito. 

O profético só existe pelo Espírito de Deus (quero dizer, ele não é de modo absoluto, mas se sustém a partir do Consolador), que fala o que se precisa ouvir, não o que agrada. O profético se esconde em músicas que não fazem dormir nem sair do chão (pular, correr e gritar etc.), mas que nos deixam estarrecidos e que nos levam ao pranto. Há algo de profético no Fruto Sagrado? Houve? Acredito que sim. Como acredito que há algo de profético em muitos púlpitos ainda hoje. Mas ninguém quer escutar.

P.S. Está grande a postagem, mas não posso deixar de mostrar a música que a motivou. Acontece que no blog A Pedra eu comentei um texto sobre a ganância de um dos muitos pop-pastores que disputam espaço nos domínios televisivos com uma música do Fruto que é a seguinte:




Recebi um dossiê com a tua história,
O teu passado, o teu presente.
Não tenho boas notícias
Sobre o teu futuro!
Você até começou bem,
Cheio de boas intenções,
Uma fogueira ardia
Em teu coração...

Mas se vendeu por trinta
Moedas de prata,
Se apaixonou pelo gosto
Do vil metal,
Se acorrentou em sua
Conta-corrente,
Sua pregação virou um medíocre
Apelo material!
Alguns amigos tentaram te avisar,
Te alertar, lembrar do primeiro amor!
Agora é tarde, eu tenho que te levar,
E não é pro lugar que você
Tanto sonhou...

Teu tempo acabou,
Teu tempo acabou...
Pediram a tua alma
E essa noite eu vim aqui
Só pra te levar!

E agora, onde você vai colocar
Tanto dinheiro, tanto cifrão?
Não adianta ficar aí, parado,
Me olhando com essa
Cara de bobão!
Vai estacionar seu Audi aonde?

Lá em Miami ou em Hong Kong?
Valeu a pena trair
Quem sempre te amou?

Essa grana não consegue
Me subornar
Eu cumpro ordens!
Tô aqui só pra te levar
Sem lenga-lenga, sem lero-lero...
Porque o juiz já bateu o martelo!
Alguns amigos tentaram te avisar,
Te alertar, lembrar do primeiro amor!
Agora é tarde eu tenho que te levar,
E não é pro lugar que você
Tanto sonhou...

Teu tempo acabou,
Teu tempo acabou...
Pediram a tua alma
E essa noite eu vim aqui
Só pra te levar!

Nem mais um minuto, mané!
Nem mais um segundo sequer!
Nem mais um instante qualquer!
Teu tempo acabou!

Teu tempo acabou,
Teu tempo acabou...
Pediram a tua alma
E essa noite eu vim aqui
Só pra te levar!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Relendo Jonas: o mais importante não é o peixão



Jonas é daquele tipo de história que a gente lê mesmo antes de aprender a ler. E algumas pessoas continuam lendo Jonas várias vezes ao longo da vida. Algumas, porque se esquecem que já leram. Outras, porque acham que não entenderam. Outras ainda, porque leem fragmentos da narrativa repetidas vezes na igreja. 

Eu conheci o Jonas por imagens e contação de história na infância. Mas só atentava para a história do peixe. Baita peixe! Quando aprendi a ler e fui conferir a história na Bíblia, quanta decepção! Jonas não era o bonzinho da história! Tudo bem, depois ele dá uma melhorada, vai cumprir sua missão. Espera!!! Não!!! Por que esse capítulo 4 está aqui? Ele tinha ficado bonzinho e, agora, volta a ser esse otário? Não gostava do capitulo 4. Queria tirá-lo de lá! Se lá pelos sete anos de idade eu conhecesse o método histórico-crítico eu ia acabar aderindo só pra arrumar uma desculpa para aniquilar com Jonas 4. Tudo bem. Não rasguei minha Bíblia. Depois, reli Jonas algumas vezes na adolescência. A questão que me incomodava era a historicidade ou não do texto, mas só por causa do peixão. Isso passou. Esqueci de Jonas por algum tempo.

Agora, como precisei escrever um ensaio sobre a conversão ao judaísmo na Antiguidade, esbarrei com ele de novo. Lá fui eu reler Jonas. E como as coisas mudaram! O primeiro impacto foi perceber que o capítulo 4 continua incomodando. Mas já não é porque revela a idiotice daquele que deveria ser o herói. Com isso já me acostumei. O que incomoda é que o capítulo 4 escancara o fato de que eu (como muitos de nós, imagino) tenho muito de Jonas em mim. E não é por causa da tendência à desobediência! Não! Essa nem é a questão principal do livro! Enganaram-me na infância! É porque Jonas, como eu, não entende a Misericórdia do Eterno. É porque Ele, como eu, quer punição, não perdão, tanto para os outros quanto para si mesmo (lembrem-se dele no barco). O capítulo 4 revela lá no fundo que ficamos tão incomodados e insatisfeitos quanto Jonas (o que, por sua vez, se repetirá no Novo Testamento com o irmão bonzinho, que se inquieta ao ver que seu irmão rebelde, o "filho pródigo", é acolhido com festa pelo pai). Mas a lição do Pai é clara e incisiva. E é só o Espírito Santo que nos pode fazer menos Jonas, quero dizer, menos idiotas.

Pois bem, além disso, só vou enumerar algumas coisas que mudaram na minha leitura de agora:

- O peixão não é punição e Jonas percebe isso, por isso sua oração é de agradecimento na barriga do bicho. O peixão é um livramento e, mais especificamente, um meio de transporte coercivo enviado por Deus para redirecionar o fujão.

- Jonas é um profeta de má vontade mesmo. Ele não se esforça para cumprir a ordem de modo cabal, nem mesmo na segunda vez. Em momento algum ele se torna o bom profeta.

- A conversão dos gentios na narrativa (tanto dos marinheiros quanto dos ninivitas) não representa uma adesão ao judaísmo. Isso não acontece. Se nos mantivermos nos limites do texto, vamos perceber que eles não deixam de ser politeístas. Sua conversão é meramente ética, não religiosa.

- Mas os gentios são apresentados, em contraste marcante para com o profeta israelita, como piedosos e compreensivos.

É mais ou menos isso. 

Abraço,

Cesar

P.S.: A labuta se avoluma, por isso, para manter esse troço que eu chamo de blog atualizado (e preciso fazê-lo, afinal, tem meia dúzia de insanos que costumam ler essas coisas que chamo de postagens), só mesmo aproveitando alguma coisa do trabalho. Entendam. Agora, estou relendo Rute, então, logo colocarei algo sobre ela. Mas tenho que falar de panquecas e comida caseira antes... Saboroso e custoso esse tal de saber!